domingo, 28 de junho de 2015

Oi

E aí? (Espero que ainda se lembrem de mim)
Quanto tempo hein?
Estou com saudades e só vim avisar que o negócio tá difícil aqui kk
Ainda estou sem wi-fi e sem ele fica muito difícil postar, mas como pedido de desculpas, vou dar a vocês esse desenho da Cupido. 
Espero que gostem.
:)


Bom, como eu consegui postar esse post (???), acho que dá pra continuar postando. E eu estou prometendo voltar.
É tão triste ver esse blog que amamos tanto, tão parado :(

Se quiserem mais dicas de desenhos ou tirar algumas dúvidas (ou algo que viram no desenho acima e querem que eu ensine) é só pedir que eu faço um Hey e dou uma força ;)
Até

sábado, 27 de junho de 2015

Folclore Oculto: Ideia Suicida

Olá leitores.
Vamos a quarta parte, o início da batalha entre Cissa e Edgar.

4 Ideia suicida 

No dia seguinte Núbia banhou-se e tentou vestir-se o melhor possível, pois aquelas roupas de garota deprimida estavam deixando-a só mais amargurada. Ao sair no corredor ouviu aquela voz horrenda.
— Criança — chamou Edgar no escritório do final do corredor. — Venha aqui, por favor.
Ela sabia que se não fosse por bem, iria por mal então caminhou até o escritório. Edgar apontou para uma das cadeiras da mesa de vidro lá presente.
— Sente-se.
Núbia sentou e logo Edgar fez o mesmo. Os dois frente a frente naquela mesa negra.
— Espero que esteja mais calma hoje — disse Edgar.
— E o senhor? Está menos controlador hoje? Ou ainda vai decidir tudo por mim?
Edgar expressou um leve sorriso.
— Não sei se me orgulho ou sinto ódio de sua rebeldia — admitiu ele. — Se quiser me odiar, não a impedirei, mas peço que ao menos siga com seus treinos em feitiçaria.
— Realmente acha seguro ensinar magia a quem te odeia?
— Como jamais saberá mais do que eu, sim ,acho.
Nesse mesmo instante ouviu-se um estrondo surdo, e logo uma vibração estranha percorreu o casarão.
— Sentiu isso? — disse Núbia um tanto assustada.
Edgar franziu os olhos.
— Eu... — ele então arregalou os olhos, estupefato. — Alguém quebrou minha proteção! — exclamou levantando-se e andando em passos largos para fora do escritório, Núbia o seguiu; Lia saiu de seu quarto em expressão confusa.
— O que está acontecendo? — perguntou.
Logo ouviu-se um chamado vindo da entrada.
— Oh de casa — disse uma voz mais do que familiar a Núbia.
A garota não conseguiu segurar o sorriso ao ouvir a voz ironicamente simpática, já Edgar ficou vermelho de Raiva. Todos apoiaram-se no corrimão e depararam-se com Cissa na entrada mandando um thauzinho.
— Oi família! — disse ele com seu sorriso sapeca. — Não vão me convidar para entrar?
Edgar rosnou e desceu as escadas.
— Como entrou aqui? Como quebrou meu feitiço? — bradava ele.
— Ah, não foi fácil — admitiu Cissa. — Fiquei quase a noite inteira fazendo uma macumbinha básica lá no quintal. Vocês são pessoas tão ocupadas que nem notarão as velas, né?
Lia não resistiu em tentar ver algo da janela.
— Está louco! Saia já da minha casa! — bradou Edgar
— Tecnicamente ainda nem entrei — disse Cissa olhando para o chão com o tapetinho da entrada. Ele então fitou Núbia ainda debruçada no corrimão e sorriu. — Oi Menina! Você sabia que eu viria, não sabia? Ao menos eu mandei Ângela te avisar.
Realmente Ângela dissera que se Núbia não fosse até Cissa, ele iria até ela, e Núbia duvidou, nunca mais duvidaria daquele garoto.
Edgar avançou a Cissa e o encarou.
— O que quer aqui, Saci? Não vê que isso é suicídio?
— É, quem sabe, mas eu realmente tinha que falar com você, Edgar, e Ah! Não me chame de Saci, por favor, para todos os casos meu nome é Cissa. Seja como for. —  Cissa pegou um papel do bolso da calça. — Lembra quando você me obrigou a assinar aquele contrato? Foi logo depois de me tirar o capuz. No contrato dizia que eu lhe entregaria o capuz em troca da minha perna, e de ter direito a usar meus poderes uma única vez. O contrato já começou mal, pois eu não entreguei o capuz, você me roubou, mas sendo que você era mais poderoso que eu, me obrigou a assinar aquela droga, assim até pareceu um acordo justo. Olha agradeço muito pela perna...
— E suponho que tenha usado seu poder para invadir minha casa — interrompeu Edgar.
— Na verdade não, eu já usei há semanas atrás para salvar sua tataraneta do Boto.
Núbia deixou escapar um gritinho surpresa, pois enfim entendeu o que ocorrera naquela noite.
— O que usei hoje foi feitiçaria branca mesmo, relembrei umas coisinhas com ajuda de Curupira, e por algum motivo, depois de tantos anos a mãe terra voltou a me ajudar — disse Cissa orgulhoso de si mesmo.
Edgar gargalhou.
— Não acha mesmo que acredito nisso? Depois de todas as diabruras que fez a mãe terra voltaria a lhe ceder poder? Impossível. Admita, voltou a fazer magia negra. Além do mais, só o mal iria lhe querer.
Cissa levantou uma sobrancelha.
— Olha quem fala... Eu nunca mais farei feitiçaria negra, nunca. A mãe terra me perdoou sim, e por causa dela — disse ele apontando para Núbia. — Minha menina despertou o melhor de mim. — ele então encarou Edgar. — e ninguém vai tira-la de mim, muito menos você Edgar Cabrall.
Uma neblina negra surgiu dentre as paredes da sala, os olhos de Edgar ficaram negros, e seu dentes afiados.
— Saia daqui agora Saci. Não custa nada lhe matar, na verdade, eu já devia ter feito isso há muitos anos.
— Mas não fez, e agora já era. Se você me matar sua querida e única herdeira jamais te perdoará, é isso que quer? O ódio eterno de Núbia.
— Inteligente ele é — murmurou Lia observando a cena de cima.
Núbia não sabia como agir, Cissa podia ser inteligente, mas Edgar era mais poderoso, aquilo era suicídio!
Cissa mostrou o papel que tirara do bolso.
— Esse seria um novo contrato. Um trato mais justo, o que acha? Diferente de você, não irei obrigar ninguém, nem posso, podíamos nos perdoar, não acha?
— Não — disse Edgar frio.
Cissa bufou.
— Você é difícil de lidar. — Ele olhou para Lia. — Como aturou ele por tanto tempo?
— Fui obrigada — respondeu ela naturalmente.
Edgar a olhou pasmo.
— Como vê Edgar — prosseguiu Cissa — sua torcida é menor. Se eu fosse você ao menos analisava o contrato.
— Por favor — pediu Núbia.
Edgar considerou e pegou bruscamente o papel. Logo riu.
— Está de brincadeira?
— Eu praticamente nasci brincando, mas dessa vez não, é sério. — Cissa deu um passo a frente e fitou Edgar. — Eu sei quais são seus planos, lhe conheço bem. Mas não se preocupe, eu não vou tirar sua herdeira, só não acho necessário que você a obrigue a ficar longe de mim. — Ele fitou Núbia com um olhar um tanto triste —. Se ela própria quiser ficar longe... tudo bem, mas... se não, você não pode obriga-la a nada.
Núbia enfim saiu do estado de choque e desceu as escadas até ambos.
— Ele está certo Edgar. Eu... juro que faço o que você quiser, mas não me prenda aqui, por favor, eu gosto, amo o Cissa, você não vai poder mudar isso.
Cissa sorriu já Edgar fez cara feia como se não estivesse ouvindo direito.
— Amar? Núbia, você sequer sabe o que é isso.
— Quem não sabe é você! — exclamou Lia do nada. — Eu particularmente acho Núbia e Cissa uns fofos. É claro que ele não é a pessoa mais confiável do mundo, mas não acho que ele minta sobre os sentimentos que sente por Núbia.
— Está louca Liara? — disse Edgar. — Depois de tudo ainda fica do lado do inimigo?
Cissa pegou as mãos de Núbia, e aproveitou o distraio de Edgar para falar no ouvido da menina.
— Quero que se algo ruim acontecer, lembre-se sempre que palavras inteligentes são tão fortes quanto palavras  mágicas ás vezes — disse ele do nada, então respirou fundo e enfim falou o que estava em sua garganta há semanas: — Quer namorar comigo?
Núbia sorriu e queria responder sem dúvida alguma, porém Edgar voltou-se a eles e separou as mãos.
— Eu não cairei em suas estratégias, Saci, saia para sempre da minha vida, minha e da de minha herdeira.
 Edgar revelou seus dentes de chupa cabra e uma neblina negra cercou Cissa e o empurrou para fora do casarão.
— Cissa! — gritou Núbia.
Aquilo teria matado qualquer um, mas Cissa simplesmente se levantou.
— Você não é o primeiro a tentar quebrar minha costela — lembrou ele. — Na verdade a tentativa é de matar, mas o máximo que conseguem é me deixar com dor nas costas.
 Edgar saiu o casarão e fez a neblina surgir novamente.
— Não me faça mata-lo aqui mesmo.
— Ah, prefere onde? — disse Cissa sínico.
Núbia queria matar o humor fora de hora de Cissa.

— Edgar por favor... — Núbia foi interrompida por uma força invisível que a levou de volta ao casarão e fechou a porta da sala. As janelas do casarão fecharam-se todas juntas trancando Lia e Núbia na aflição.



Esse foi o post de hoje, comentem, ajuda bastante. Beijos e até a próxima.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Folclore Oculto: A Herdeira

Olá leitores, seus lindos. 

Vamos a terceira parte do final de Folclore Oculto com uma das costumeiras ações suicidas de Núbia Cabrall.

3 A Herdeira

Ao abrir a porta Edgar deparou-se com a sala bagunçada, como se um furacão tivesse ido tomar um cafezinho básico em sua casa. Núbia estava no centro do cômodo, com os braços cruzados e olhar raivoso.
— O que aconteceu aqui? — disse Edgar.
Logo Lia também chegou, como sempre, reclamando.
— Edgar! Chama logo o corpo-seco para levar minhas compras, homem! — ela então visualizou a sala. — Núbia Cabrall, o que ocorreu aqui?
— Primeiramente eu treinava magia — explicou Núbia. — Depois fui pega por ela.
Lia notou a forma raivosa com que Núbia olhava Edgar, e resolveu que aquela era sua deixa.
— Eh...Bem, acho que vou procurar o corpo-seco eu mesma. — Ela forçou um sorriso. — Até mais, queridos!
Saiu apressada para a cozinha.
— O que aconteceu, criança? — perguntou Edgar impaciente.
— Você sabe muito bem o que aconteceu, Edgar Cabrall! O que o senhor tem contra o direito de ir e vir das pessoas, hein? Quer prender todos e tudo!
— Ah... Suponho que esteja falando do campo que fiz em volta da casa, certo? Bem criança, quero que saiba que isso tudo é para seu bem, agora que sabe toda a verdade, é imprevisível a reação daquele... demônio. O melhor para ti, minha querida herdeira, é permanecer aqui no casarão e longe das mentiras daquele "rapaz".
— E você acha que eu iria atrás dele?
— Se você descobriu o campo magico é por que tentou sair, e se a senhorita queria sair só podia ser para vê-lo. Ou estou errado? Iria ao shopping, criança? _ dobochou Edgar com um sorriso seco.
Núbia realmente pensava em procurar Cissa e aquilo lhe fez sentir-se culpada, depois sentiu-se culpada por sentir-se culpada.
— Você diz que é melhor para mim permanecer longe das mentiras de Cissa, e das suas? — disse ela desafiadora.
Edgar estreitou os olhos, mas ficou sem argumentos.
— Vai para seu quarto — ordenou.
— Já percebeu que toda vez que fica sem o que retrucar me manda para meu quarto? Mas eu não quero ir, Edgar, quero sair, quero que desfaça aquela droga de campo de força.
Edgar rosnou.
— Não seja mal educada Núbia Cabrall, somente suba já para seu quarto. Você sabe que não tem escolha.
Núbia cruzou os braços e permaneceu parada, não tenho escolha é? pensou ela, isso é o que iremos ver.
 Os olhos de Edgar ficaram totalmente negros, mas aquilo não amedrontou Núbia, nem ela sabia como, mas não amedrontou.
Os objetos caídos no chão voltaram a voar pela sala, e Edgar abriu um sorrisinho.
— Hum... você sabe levitar coisas — disse ele sádico.
Núbia franziu o nariz e os objetos avançaram em direção a Edgar, porém nem um o acertou, um campo invisível o protegeu.
— Deixe de ser idiota Núbia, você sabe muito bem que não é párea para mim.
Núbia ardia em raiva.
— E você sabe que não vai poder me aprisionar aqui por muito tempo. Você é meu tutor temporário, logo a justiça vai me tirar daqui e a Rita vai conseguir minha guarda. Na verdade, sequer preciso disso, não sou mais criança, posso simplesmente... sair daqui e nunca mais voltar.
Edgar riu.
— O que te faz pensar isso, criança? Será que não vê, além de poderoso no mundo sobrenatural, sou poderoso no mundo “normal”. Esse casarão, o sítio em si, é meu local favorito, mas não é meu único bem, sou milionário Núbia Cabrall, e sou seu único parente conhecido, se eu pedir sua guarda eu a ganho sem dar a mínima chance a tal Rita.
Núbia ouviu um murmúrio triste atrás dela, virou-se e deparou com Lia encostada na parede com um olhar doloroso que dizia: Desculpe. Só então Núbia entendeu qual foi o trato entre Lia e Edgar.
— É por isso que você quer permanecer casado com Lia? Sendo conjugado é mais fácil ganhar minha guarda! Lia poderá ir embora quando eu não tiver mais essa escolha!
Edgar levantou uma sobrancelha.
— É bom saber que não é tão burra.
Ele pegou o braço de Núbia.
— Agora suba por conta própria ou obrigada.
— Edgar — tentou intervir Lia. — Não faça nada com ela.
Edgar a fitou com um recado simples e direto: Não se intrometa.
Núbia rosnou.
— Me larga ou eu...
— Cale a boca — disse Edgar revirando os olhos e arrastando Núbia escada a cima.

— Eu vou te matar Edgar! — dizia Núbia tentando se soltar, porém ele era bem mais forte do que ela poderia imaginar.
— Há quem tente isso há anos e até agora nada — disse ele fitando Lia por alguns segundos.
Ele praticamente jogou Núbia para dentro do quarto e fechou a porta por fora.
Núbia avançou para a porta e bateu violentamente de forma constante.
— Edgar! Edgar seu maldito! Me solta!
— Sua mente está extraordinariamente confusa — dizia Edgar tranquilamente do outro lado da porta. — Sei que está fervendo em raiva, mas será mesmo que devo ser eu a vitima dessa raiva toda? Seus conceitos estão perdidos, suas certezas estão incertas, sua vida não faz mais sentido algum, não é?
Núbia não respondeu, mas sequer era necessário. Era óbvio que ela estava totalmente perdida. Quem era o verdadeiro vilão daquela história? Quem estava certo ou errado? O que ela faria? Para onde iria? Ela não tinha ninguém a quem realmente confiar. Edgar acusou Cissa de fazer dela uma boneca, mas agora fazia o mesmo.

Horas se passaram, Núbia permanecia sentada em sua cama, encolhida, com o olhar perdido e os pensamentos então...
Ela tinha que sair daquela casa, ou ficaria completamente louca em alguns dias.
Ouviu que alguém destrancava a porta, e logo Lia entrava com uma bandeja com lanches e um copo de sulco.
— Está com fome mocinha?
Nubia não respondeu, mas ainda sim Lia foi até ela e sentou-se ao seu lado.
— Querida, não fique assim. Edgar nunca sabe demostrar o que realmente quer, mas...
— E você ainda o ajuda — interrompeu Núbia em um murmúrio. — Está o ajudando a destruir a minha vida.
— Não! E... sim. Núbia. Não é tão ruim assim.
— O que ele quer, Lia? O que  ganha obtendo ou não minha guarda?
— Uma herdeira, oras. Edgar achou que sua família estava acabada Núbia. Então você aparece, e inicialmente não faz diferença alguma na vida dele, mas agora que ele vê seu potencial ele... achou o que tanto procurava. Você ouviu lá em baixo o que ele disse. Edgar é rico, e mesmo sendo muito poderoso, um dia morrerá, acho até que ele anseia por isso, mas não podia simplesmente falecer e deixar todo seu patrimônio sozinho. Ele sempre quis que a filha Tainara ficasse com tudo, mas ela morreu, no entanto, agora com você ele tem a chance de começar tudo de novo. Ele só quer alguém para prosseguir sua família, seu nome.
— E se eu não quiser ser... a herdeira dele?
— Provavelmente ele te obrigará.
Núbia bufou e Lia acaricio-lhe os cabelos.
— Eu queria muito te ajudar Núbia, mas sou tão vítima dele quanto você.
Lia deixou a bandeja com os alimentos na cama de Núbia e se foi.
...
Sentado num galho de arvore Cissa observava Núbia desconsolada em seu quarto. A tristeza de sua menina era tão visível que feria Cissa como fogo. Nunca pensou que sofreria tanto por outra pessoa, mas ali estava ele sentindo cada lagrima de Núbia queimando como acido em seu coração. Ele tinha que tira-la do casarão, não sabia como, mas tinha. Nesse mesmo instante sentiu o vento frio da noite bater em seu corpo e uma força de autoestima pareceu vir junto a tal. Ele olhou as poucas folhas da arvore em que estava, elas pareciam brilhar para ele, o tronco da arvore exalou um perfume, perfume este que Cissa lembrava-se sem dúvida alguma.
_ Mãe terra... _ murmurou ele ao nada, e os ventos levaram suas palavras noite adentro, e a Lua brilhou como um aviso de que no dia seguinte, tudo poderia acontecer.

Núbia precisa de um psicologo, anda meio revoltada. Mas e aí leitores, o que acharam da ação de Edgar, Núbia e os outros personagens? E o finalzinho com nosso amado Cissa? Comentem!
Bjs e até a próxima.

domingo, 14 de junho de 2015

Folclore Oculto: Quem magia faz, por magia é pega.

Olá leitores. 

Esta é a segunda parte desse ultimo episódio de folclore oculto,  a primeira parte está AQUI. Sem mais delongas vamos ao texto:

2 Quem magia faz, por magia é pega.

Núbia estava sentada na sala tentando ao máximo sentir sua alma. Logo um vento frio envolveu seu corpo, ela abriu os olhos e visualizou livros e papeis solitários voando a sua volta, como um redemoinho. Estava muitíssimo contente, mas não podia desconcentrar-se. Levantou com cautela e estendeu os braços, forçou mais sua mente e começou a controlar a nuvem de papeis pela sala. Como um balé no ar, Núbia mexia os braços com leveza e logo comandava todos os objetos leves do local. Os pequenos vasos, as mofadas, os livros etc.


Então ouviu-se batidas na porta que assustaram Núbia de tal forma que tirou totalmente sua concentração, logo todos os objetos caíram no chão como uma chuva excêntrica de decoração. Os vasos de Lia agora eram pedaços de cerâmicas espalhados pela sala, e alguns livros tinham as folhas amaçadas e arrancadas.
— Droga, como eu vou explicar isso — pensou Núbia em voz alta.
Novamente ouviu-se as batidas na porta. Núbia concluiu que seria impossível arrumar aquela bagunça, mesmo com os poderes que começava adquirir, resolveu então abrir a porta e rezar para que não fossem Edgar e Lia.
Para seu alívio ao abrir a porta deparou-se com Ângela e seus olhos medonhamente grandes.
— Ângela! — Núbia por impulso simplesmente correu e a abraçou, não muito forte, pois Ângela era tão franzina que dava medo de quebrar.
Ângela deixou-se expressar uma risadinha.
— O-oi — disse ela em seus sussurros amedrontados.
— Oi Ângela, eu estava com tanta saudade de você! Entre!
Nubia levou Ângela até o sofá da sala.
— O que aconteceu aqui? — perguntou Ângela vendo os objetos no chão.
— Eh... nada — disse Núbia forçando um sorriso. — Sente-se.
As duas se sentaram no sofá e começaram um dialogo.
Ângela contou que depois do protesto contra Edgar, ela não pode permanecer na vila Fim do Mundo, pois todos sabiam que já havia trabalhado para Edgar, ela então foi para outra vila, não exatamente próxima, mas ainda na região.
— Edgar realmente só dá problemas — ponderou Núbia.
Ângela assentiu.
— Sim... Mas ao menos tenho um amigo que... — Ângela pareceu se arrepender de ter iniciado a frase. Já Núbia compreendia muito bem o que ela iria falar a seguir.
— Curupira, certo? — supôs Núbia com um sorrisinho.
Ângela assentiu.
— Da ultima vez que ele foi me visitar não foi sozinho, sabe, estava acompanhado do seu amigo, Cissa.
— Ele não é meu amigo — disse Núbia ríspida. — Acho que nunca foi.
Ângela entortou os lábios. Logo um pensamento surgiu em Núbia.
— Ângela, você sabia quem realmente era Cissa? Não é?
— Eu... tinha ideia. Entenda, eu não saia muito do casaram, e o garoto que você chama de Cissa não costuma meter alheios nos assuntos que pertencem a ele e Edgar, então nunca tive muito contato com tal. E Edgar também não costumava falar sobre suas histórias e fontes de magias comigo. Eu era só uma cozinheira amaldiçoada!
— Mas Lia sabia — disse Núbia.
Ângela encolheu os ombros e assentiu.
— Ela sem dúvida alguma sabia. Mas... Núbia, não fica brava com o garoto Cissa. Eu não acho que ele seja assim tão mau. Se realmente ele foi o Saci, posso garantir que o rapaz que vi ontem não era mais.
Núbia se levantou bruscamente.
— Ele que te mandou aqui, não é?
— Eu viria que qualquer forma, ele só aproveitou a oportunidade. Cissa precisa falar com você Núbia, mas Edgar está te prendendo aqui então...
— Edgar não me prende aqui! — interrompeu Núbia. — Estou aqui por que quero. Cissa acha o que? Que Edgar fez algum feitiço em volta da casa para me impedir de vê-lo? Pois informe a ele, que meu avô não faria isso comigo, eu que não quero falar com ele.
Ângela pareceu estupefata.
— Você está ficando do lado de Edgar?
Aquilo pegou Núbia de surpresa. Ela estava ficando do lado de Edgar? A própria não sabia responder.
— Eu... estou ficando do meu próprio lado! Oras. Não é por que estou brava com Cissa que comecei a gostar de Edgar. Eu por acaso preciso ficar do lado de um deles? Não posso ter meu próprio lado?
Núbia falava de forma rápida, mas nada segura.
Ângela balançou a cabeça decepcionada.
— Está bem então. Mas ao menos tente conversar com o garoto, e... você disse que Edgar não te prenderia aqui, mas você já tentou sair?
Novamente Núbia foi pega de surpresa. Desde a ultima conversa com Cissa, não tinha mais saído do casarão, e aquilo fazia uns dois dias.
— Eh... não — admitiu Núbia. — Mas é por que eu não quis, não porque fui obrigada.
Ângela assentiu não muito convencida. Núbia tentou mudar de assunto, então falou sobre Lia ter sido libertada por Edgar.
Inicialmente Ângela sorriu radiante, depois sua expressão ficou incrédula.
— Fico feliz por Lia, mas isso é estranho. Edgar a perdoou e ainda a libertou? Estranho...
Núbia deu de ombros.
— Sei lá, quem sabe ele esteja tentando mudar. Agora mesmo, os dois saíram juntos para uma cidade qualquer fazer compras, eu acho. — Núbia riu. — Eles estão parecendo aqueles divorciados que vivem brigando, mas não se separam de verdade nunca.
Ângela parecia perdida, como se não acreditasse no que seus ouvidos lhe diziam, porém assentiu.
Logo ela voltou-se a Núbia com seu olhar medonho
— Preciso ir, não quero encontrar Edgar, ele mudado ou não. — Ângela levantou-se do sofá e pegou de leve no pulso de Núbia. — Sobre Edgar e Cissa. Acho que realmente o melhor que você faz é ficar do seu próprio lado, mas... não espere ficar sozinha.
— Como assim? — disse Núbia.
Ângela deu de ombros com um sorrisinho.
— Também não sei. Não sou boa conselheira. Só... siga o que achar certo seguir, não o que lhe dizem que é certo. E... o único recado que Cissa pediu que eu te mandasse é que se você não for até ele, ele vem até você.
Núbia levantou uma sobrancelha e cruzou os braços.
— Ele não pode entrar aqui.
Ângela deu de ombros depois voltou a se encolher. Se despediu em um aceno de cabeça e se foi.
Quinze minutos após a conversa Núbia sentiu um impulso (nada surpreendente, essa menina vive de impulsos), e encheu-se de dúvidas (nada novo também). Resolveu então sair do casarão. Passou pela varanda de madeira e caminhou mais um pouco pelo gramado, decidiu então ir até a baia, lembrou-se que foi lá onde conheceu Cissa, aquela lembrança lhe tirou um sorriso espontâneo. Porém logo o sorriso deu lugar a expressão de pânico. Ao chegar perto da baia sentiu como se um vidro lhe impedisse a passagem. Uma força invisível que não lhe deixava sair. Núbia bateu no ar e sentiu aquele inexplicável atrito. Deu a volta por todo o casaram, mas não conseguia ultrapassar tal limite.

— Ele me prendeu aqui — disse Núbia em tom baixo e pasmo. Uma raiva repentina lhe invadiu: — Edgar maldito!

Edgar é muito sacana, amo esse homem, mas bem, o que voces acharam? comentem! beijos e até a proxima.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Folclore Oculto: Aprendiz de Feitiçaria

Olá leitores. 
Folclore Oculto voltou para se despedir, contudo, um detalhe interessante é que esse episódio terá seus posts diferentes, com um estilo divergente ao dos outros, uma forma de terminar essa série com estilo. 

1 A aprendiz de bruxaria

Com a volta de Lia, Núbia sentia-se mais à-vontade no casarão, o que era estranho sendo que há semanas atrás Lia havia matado dois homens, seja como for, o casarão estava com energias mais tranquilas que o comum. Lia e Edgar não estavam tão brigados quanto Núbia imaginava que estariam, quem sabe por agora Edgar respeitar mais a liberdade da esposa. Eles estavam dormindo em quartos separados, e pelo que Lia contara, ela deixara de ser prisioneira, agora poderia sair do casarão quando quisesse, o que preocupou um pouco Núbia. Primeiro porque com Lia livre pescadores estavam em perigo, e segundo, pois Edgar não seria tão bonzinho por nada, os dois estavam escondendo algo, e Núbia tinha que descobrir o que era.
A garota tentou sair por algumas vezes do casarão, mas sempre Lia aparecia com algum distraio, ou algo que precisasse da ajuda de Núbia, e assim ela passou o dia todo em casa, com Edgar, Lia e é claro, o mordomo Zumbi. A noite, Núbia olhava pela janela de seu quarto pensativa, Cissa pediu para que ela o encontrasse e ela não o fez, não que já o tivesse perdoado-o, mas sequer sabia se estava realmente brava com o Rapaz; logo seus pensamentos foram interrompidos por alguém que abria a porta do quarto.
— Olá mocinha — disse Lia. — Seu avô quer te ver.
Núbia bufou, mas acompanhou Lia até o escritório particular de Edgar.
Havia uma mesa de vidro negro com três cadeiras no centro, e duas estantes de cada lado do cômodo contento objetos medonhos (como fetos e membros de seres em conserva) e outros lindos (como pedras raras, plantas em vasos magníficos, e é claro, muitos livros).
Núbia observou os retratos pintados e pendurados na parede contrária a entrada, sempre sentiu vontade de perguntar quem eram, mas nunca teve coragem. Agora como Edgar ainda não havia chegado tentou tirar a curiosidade.
— Quem são aqueles? — perguntou Núbia apontando para os cinco quadros na parede.
Lia observou os quadros e começou a explica-los da direita á esquerda.
— São as pessoas mais importantes para Edgar. A primeira, a moça de cabelos longos e ruivos, é Thainara Cabrall, é a filha de Edgar. Quando comecei a... me aproximar de Edgar ela ainda estava viva, então tive o prazer de conhece-la. Sabe, ela não era a queridinha de Edgar por pouco, era uma pessoa maravilhosa, muito doce e lidava tão bem com sobrenatural! Diferente do irmão dela que preferiu fugir de casa do que viver em um mundo místico. — Lia observou Núbia com um sorrisinho. — Você é bem parecida com Thainara mesmo descendendo do irmão dela — comentou. — A única diferença é que ela tinha olhos claros como os do pai, mas as feições são as mesma, e personalidade também lembra bastante.
Nubia sorriu de canto.
Lia prosseguiu.
— Já o homem de cabelos ondulados meio compridinho, e pinta de aventureiro — Lia deixou escapar uma risadinha —, acredite se quiser, é Edgar, uns 100 anos mais jovem.
(segundo Lia: 100 anos antes, 100 anos depois, kk, uma observação exagerado mas compreensivel.)


Nubia ficou boquiaberta.
— Sério?
— Sim, nem sempre ele foi chato e ranzinza. Ele era um rapaz bem humorado, gentil, muito esperto e... bonito, e prosseguiu assim por longos anos, mas então aconteceram tantas coisas: a morte da primeira esposa, a fuga do filho, a paixão por alguém impossível — Lia abaixou o olhar e Núbia entendeu que ela falava de si mesma. — Logo, quando Thainara morreu — tentou prosseguir — Edgar já não era mais o mesmo. Aquilo... foi de mais — Lia olhou para o corredor certificando-se que Edgar não estava lá. — Não conte isso para ninguém Núbia, mas... eu gostei, quem sabe até tenha amado por um curto período Edgar Cabrall, na verdade ele foi o primeiro e unico por quem senti algo assim. Eu poderia ter ficado com ele por conta própria, sem ser obrigada, se ele prosseguisse o mesmo, porém não prosseguiu.
— Você ao menos gosta um pouco dele?
Lia negou com a cabeça.
— O tempo pode transformar amor em ódio, Núbia, além do mais, são sentimentos tão parecidos! — Ela voltou-se aos quadros. — Os outros dois quadros são dos pais de Edgar, e como é notório, foram pintados á séculos, as roupas são até coloniais. Por fim, o ultimo quadro é o filho de Edgar, que mesmo o abandonando prosseguiu como filho.
Lia e Núbia então fitaram dois espaços marcados na parede, como se houvessem dois quadro naquele local, que foram tirados depois de muitos anos ali expostos.
— E ali¿ — perguntou Núbia.
— Ali havia o retrato da ex esposa do Edgar, quando vim definitivamente para cá tirei, não achei que fosse necessário a lembrança dela nessa casa, eu já estava aqui, oras, porém Edgar não gostou muito disso... Mas bem. E o outro seria o meu retrato, que depois de alguns anos eu mesma tirei da parede e queimei, não queria mais ser uma das pessoas importantes para Edgar, pois ele já não era importante para mim, e Edgar também não gostou muito disso.
Núbia assentiu dando algumas risadinhas.
Logo se ouviu os passos na escada e visualizou-se Edgar no corredor. Ele entrou e observou as duas com olhar suspeito.
— Você pediu que eu a trouxesse até aqui, não foi? — disse Lia.
Edgar assentiu.
— Sim, obrigada. — Ele voltou-se para Núbia. — Sente-se criança.
Núbia sentou-se de frente com Edgar na mesa negra.
— Sente-se também Liara — disse Edgar apontando para a cadeira lateral entre Núbia e ele.
Lia deu de ombros e sentou-se, mas com expressão ainda carrancuda.
— Está bem — disse —, mas só para não deixar Núbia sozinha com você.
Edgar levantou uma sobrancelha, mas não retrucou.
— Então criança, depois desses poucos dias quero que mostre-me que minha atenção a ti não foi em vão.
— Se eu provar ter aprendido algo, o senhor me deixa sair... passear um pouco amanhã?
— Claro — disse Edgar de forma nada convincente.
Núbia respirou fundo e olhou fixamente para a  grande janela na parede do outro lado do corredor. Alguns segundos depois um pássaro cinza e pequeno pousou num galho próximo a janela e ficou observando o lado de dentro, logo mais um da mesma raça apareceu, alguns segundos depois surgiu mais um, dessa vez mais colorido, depois outro, e outro, e assim respectivamente. Em alguns segundos haviam  uns 30 pássaros diversos picando a janela, ou observando Núbia, que do lado de dentro prosseguia a fitar a janela.
— Controlar pássaros? — disse Lia um tanto estupefata.
— Atrair — corrigiu Edgar em um murmúrio, não querendo tirar a concentração de Núbia. — A energia natural, demonstração de poder místico, é isso que Núbia está fazendo, está expandindo o próprio espirito a ponto de chamar a atenção das aves.
Lia sorriu.                
— Muito bom para uma novata — concluiu.
— Sim — concordou Edgar.
Os dois trocaram um curto sorriso de satisfação. Depois Edgar tentou chamar a atenção de Núbia.
— Criança, já pode parar. Gosto do vidro daquela janela, não o quebre, por favor.
Núbia piscou e voltou-se para Edgar com um sorrisinho, orgulhosa de si mesma. Os pássaros voaram, meio atordoados como se tivessem saído de um transe hipnótico.
— Eu consegui! — disse Núbia contente.
Edgar sorriu seco.

— Sim, sim. Mas ainda é pouco, a senhorita pode mais, Núbia Cabral, muito mais.

Espero que tenham gostado, essa parte é só para esclarecer mais o passado de Edgar, tem muita coisa que eu ainda não expliquei, agora tenho que contar tudo no episódio final (palmas para mim, essa idiota que lhes fala kkk).
BJS