domingo, 29 de novembro de 2015

Folclore Oculto 2ºT: A Volta da Mula Sem Cabeça P/3


Olá meus caros.


Parte 3

Faltava pouco para o entardecer.
_ Quinta feira _ disse Curupira olhando o céu.
Cissa ao lado do amigo, realmente não sabia o que dizer. conseguia entender o lado dele, e também o de Ângela, e no fim, não entendia nada, nem dava razão a ninguém, somente, sentia por ambos.
_ Algum dia ela vai entender que o que você fez é para o bem dela. Agora vamos, temos que providenciar os cuidados, ela irá se transformar logo.
...
Ângela despertou ainda deitada na rede daquele cômodo na oca de Curupira. Mas havia algo estranho. Estava muito calor, não que aquilo já não fosse comum, além do mais ela estava na Amazônia, mas sua pele realmente queimava, ela sentiu falta de ar, mas ao mesmo tempo uma energia incrível correr dentro de si. Ela Olhou para o lado e não viu ninguém, ficou em desespero quando começou a se lembrar dos sintomas que sentia naquele momento.
_ Núbia! _ Chamou ela. Tentou sair da rede e quase caiu, ficou curvada sentindo uma forte pontada no coração, sua pele queimava sem parar.
_ Curupira! Núbia! Alguém _ bradou ela. _ Por favor!
Ninguém apareceu. Uma lágrima rolou pelo rosto de Ângela ao ouvir dentro de sua mente aquele relinchar horrendo, a maldição estava voltando...
Fora da oca, Cissa, Núbia, Curupira e Caipora _ que só estava lá para ver o circo pegar fogo, mas não estava nem um pouco disposta a participar do plano _ ouviam os berros de Ângela sem poder fazer nada.
Curupira sentiu o desespero tomar conta de si, ele não suportava mais fingir que nada estava acontecendo e começou a entrar em sua casa, mas Cissa se colocou na frente dele.
_ Curupira, não! Temos que deixar Ângela se transformar sozinha, depois iremos atrás dela e...
Curupira o ignorou e entrou na casa, quando chegou ao quarto de Ângela ela estava literalmente em chamas, Curupira arregalou os olhos, que entraram em contato com os dela, e naqueles segundos de troca de olhares Curupira notou que ela havia compreendido o que estava ocorrendo, e mandado uma simples mensagem: Você me traiu.
Logo as chamas ficaram mais fortes e quando cessaram, não havia mais Ângela alguma, somente uma criatura. Uma mula de pelagem marrom escura com chamas no lugar da cabeça e casco vermelho como sangue.
Curupira quase sentiu uma lágrima ao ver aquilo, mas nunca havia chorado em séculos, aquela não podia ser sua primeira vez, aquilo era necessária.
Ele correu em velocidade sobrenatural quando a Mula Sem Cabeça empinou, e foi até os outros.
_ Ela se transformou _ disse simplesmente.
Logo a mula sem cabeça saiu em disparada da oca e sumiu dentre a mata.
Os três a seguiram cada um da sua maneira. E Caipora só riu e foi pescar, sério, ela realmente foi pescar. (oxi)
Cissa e Núbia haviam levado dois cavalos para a viagem e tinham os deixado ali perto, na mata. Cissa montou em um alazão marrom e Núbia numa égua negra.
Os dois galoparam dentre a mata atrás da Mula sem Cabeça
  ...
Núbia e Cissa já haviam saído da mata, estavam em um pequeno vilarejo ribeirinho, estavam todos dormindo provavelmente, as casas de madeira na beira do rio Amazônia estavam em silêncio absoluto.
_ Creio que a Ângela sem cabeça não esteve por aqui _ disse Cissa, observando a vila ainda em cima de seu cavalo.
Núbia assentiu.
_ O Curupira sumiu. Foi correndo na frente... Será que conseguiu seguir a criatura?
_ Provavelmente, mas... Só para conferir _ Cissa andou uma piscadinha para Núbia e desceu de seu cavalo.
Ele caminhou sobre as precárias pontes e pisos de madeiras que juntavam uma casa a outra, tudo parecia calmo.
_ Deve haver algum cemitério por aqui, certo? _ disse Núbia a Cissa.
Cissa virou, fitando Núbia e assentiu.
_ Sim, na maioria das vezes, o cemitério é no meio da mata, perto das cidades não há como, por causa das cheias do rio.
Núbia sorriu de canto.
_ Ok, enciclopédia. Então vamos procurar o cemitério dessa vila, provavelmente é lá que a criatura estará.
Cissa riu.
_ Ok general. Vamos
Ele montou novamente em seu cavalo e assim se foram dentre a mata.
Logo ouviram o relinchar grave da criatura, foram em direção ao som e logo viram um uma área aberta no meio da mata, com cruzes cobertas por cipós e grande parte quebrado, alguns túmulos pareciam ter sido desenterrados, haviam folhas verdes caídas em todo canto, mas nada além de rastros.
_ Eles estiveram aqui _ disse Núbia passando entre os túmulos.
_ E agora onde estariam?
Núbia deu de ombros, em um dos buracos na terra, Núbia viu ossadas pequenas, provavelmente de uma criança.
_ Só há ossadas, não há corpos conservados para a Mula Sem Cabeça comer, acho que por isso ela foi embora. Qual outro cemitério ela poderia ir?
Cissa pensou por alguns segundos depois arregalou os olhos.
_ Uma cidade... Aquela que aterrissamos, tem um cemitério lá.
_ Ah, droga, aquela é uma cidade mesmo, movimentada, não uma vila qualquer, se a criatura for para lá estamos ferrados! _ concluiu Núbia.
_ E pior, por ser uma cidade, Curupira não vai mais poder seguir a criatura _ lembrou Cissa, ele então ficou em postura de montar e fez sinal para Núbia acompanha-lo _ vamos, agora somos os únicos que podemos tentar controlar Ângela. _ Ele suspirou _ por que sempre nós?
Núbia deu de ombro. Os dois voltaram galopar pela mata e logo ouvirão o relinchar grave novamente, e dessa vez, conseguiram alcançar tal som. Logo se depararam com a mula tentando passar por uma barreira de vendo folha e galho que Curupira controlava logo à frente. A Mula sem cabeça empinava, mas quando tentava avançar o paredão mágico de Curupira a jogava para trás.
_ Curupira! _ gritou Cissa.
_ Até que em fim chegaram _ disse ele irritado. _ Ela quer ir à cidade, não posso segui-la até lá, mas é o único local onde ela vai achar o que precisa.
_ Mas deve haver varias pessoas perambulando pelas ruas nesse momento _ disse Núbia.
_ É por causa disso que vocês estão aqui, oras _ disse Curupira, fazendo um gesto expansivo com a mão e cessando o paredão, a mula tentou avançar em direção dele, mas este mesmo correu para longe dela em sua velocidade sobrenatural, assim a mula sem cabeça simplesmente o ignorou e correu em direção à cidade. Núbia e Cissa estavam um tanto perplexos, mas Curupira os acordou.
_ Vão logo idiotas, antes que ela faça algo errado.
 Núbia revirou os olhos, e Cissa bufou, mas ambos correram em seus cavalos atrás da Criatura.

Não sei você, eu senti muita pena da Ângela, sério, chorei. Ah, logo farei posts sobre edições de imagem, o primeiro post é pop art em fotografias.
Comentem! Sério, não dói sabia?, kk Beijos.



sábado, 28 de novembro de 2015

Folclore Oculto 2ºT: A Volta da Mula Sem Cabeça P/2

Olá meus caros.
Esse é aquele tipo de capitulo calmo, sem crucial importância, mas necessária para fazer sentido. 

  Parte 2

Em cabana de palha, parecida com uma oca, porém maior, foi onde Núbia passou alguns meses junto a curupira, na época seu professor de magia verde. Agora ela voltara lá, mas por um motivo nada agradável. A recepção já não foi muito boa. Na entrada, segurando um pedaço pau, um tronco grosso com algumas folhas verdes, estava Caipora, como sempre, nada receptiva. Caipora era uma índia gorducha com o corpo coberto por trepadeira, uma pele de onça amarrada na cintura, e o cabelo negro espetado e com penas de variadas cores enroscadas.
Ao ver Núbia, ela chiou, mas em outros tempos seria pior.
_ Também é ótimo revê-la Caipora _ disse Núbia _ Curupira está em casa?
_ Sim, não sai mais desde que trouxe a mula pra cá _ disse ela com seu jeito rústico, como de uma criança que aprendeu a falar a pouco tempo.
Núbia assentiu e entrou na oca junto a Cissa, que antes mostrou a língua para Caipora, só por zoera mesmo.
A sala principal era até bem ampla, mas simples, alguns banquinhos de madeira, no centro que seria uma fogueira e algumas lanças e arco e flechas pendurados na parede, havia também entradas que no lugar da porta, haviam cordas com enfeites coloridos pendurados, e sem que necessário chamar, Curupira simplesmente surgiu de um destes, ele fitou os dois, nada bem humorado. Seus cabelos cor de fogo pareciam realmente estar em chamas. Seus olhos verdes claros e felinos estavam em fúria. Mas mesmo que estivesse de bom humor, ele não era lá a criatura mais simpática do planeta. Sua pele verde, seus pelos castanhos alaranjados, os dentes verdes escuros, e os pés virados para trás eram as características de tal criatura.
_ Cadê Edgar Cabrall _ disse ele em sua voz peculiarmente irritante. _ Foi culpa dele, sempre é.
_ Dessa vez nem tanto _ disse Núbia.
Curupira franziu os olhos com raiva.
_ Como não, Núbia? A Cuca fez o que fez para conseguir informações sobre Edgar! Por causa de conflitos dele, Ângela pagou, isso por que ela foi fiel a vocês e não quis contar nada!
_ Está bem, calma Curupira _ disse Cissa dando um passo a frente. _ Viemos aqui para ajudar, não adianta descontar seu ódio em nós.
Curupira resmungou, mas fez sinal para que eles o acompanhassem.
Quando Núbia olhou Ângela deitada naquela rede simples, seu coração apertou, Ângela sempre fora franzina, abatida, mas agora estava pior do que nunca, estava mais magra, muito mais magra, os cabelos negros agora eram grisalhos, quase que totalmente brancos e a pele, como de um fantasma!
Núbia aproximou-se e acariciou de leve o rosto frio de Ângela.
_ Ela está horrível! _ exclamou Cissa sem pensar.
Curupira o fitou com seus olhos felinos.
_ O que podemos fazer para ela melhorar? _ Disse Núbia preocupada.
_ Só tem uma forma e... não é nada boa _ respondeu Curupira.
_ O quê?
Curupira observou Ângela como se quisesse se certificar se realmente ela estava desacordada.
_ O que Cuca fez com ela, além de sugar todas as forças e a juventude, também lhe trouxe de volta a maldição, e mesmo que isso seja ruim, também é a única solução. A única forma de Ângela voltar a ficar bem é...
_ Devorar cadáveres de crianças _ supôs Núbia fazendo cara feia.
Curupira assentiu.
_ Ela não vai gostar nada disso _ disse Cissa.
_ Ela irá odiar, irá me odiar por deixa-la se transformar, mas... não posso deixa-la morrer _ disse Curupira visivelmente abalado, algo raro.
Ele tentava ao máximo não demonstrar sentimentos, era imprevisível e nada gentil, mas era gente boa, e principalmente, totalmente fiel ao imenso carinho que sentia por Ângela.
_ Iremos cuidar para que ela não faça nada de mal enquanto estiver como Mula Sem Cabeça _ disse Núbia.
Curupira assentiu, mas não tirou os olhos de Ângela.
_ Não há como contar para ela, ela não vai aceitar, mas é a única forma. Ela precisa se fortalecer, precisa.
_ E depois? O que faremos? _ disse Cissa.
Curupira deu de ombros.
_ Quem sabe ela nos odeie para sempre.
Núbia e Cissa abaixaram o olhar de forma triste. Curupira acariciou de leve os cabelos de Ângela e suspirou.
...
Algumas horas se passaram. Ângela acordou com Núbia sentada em um tronco de madeira ao lado de sua rede.
_ Núbia? _ disse Ângela em um murmúrio.
Seus olhos grandes e castanhos estavam cansados e quase sem brilho.
_ Oi Ângela, eu vim ajudar Curupira a cuidar de você.
Ângela expressou um sorrisinho de canto.
_ Curupira... ele me salvou de novo. Sempre salva. Salva sim _ Disse ela no seu jeitinho costumeiramente estranho e medonho.
Núbia assentiu.
Ângela pegou nos próprios cabelos e entristeceu.
_ Estou velha, estou... horrível, mais do que o comum.
_ Você nunca esteve horrível _ disse Curupira entrando no quarto. _ Xá po-porã.
Núbia lembrava-se bem daquele apelido que Curupira deu a Ângela, Xá po-porã, uma frase tupi que provavelmente, Angela ainda não sabia o significado.
Ângela sorriu não muito convencida. Curupira perguntou:
_ Sente-se melhor, xá po-porã?
Ângela assentiu.
_ Um pouco, mas ainda tenho dor, muita dor, mas não tanta dor como antes, e tenho frio, muito frio, mas não tanto como antes, e fraqueza, como antes _ disse Ângela.
Curupira assentiu.
Núbia pegou a mão de Ângela.
_ Mas logo você ficará bem, querida, não se preocupe _ disse ela.
Ângela deu de ombros.
Núbia e Curupira trocaram olhares, eles realmente estavam perdidos com tudo aquilo. Logo Cissa entrou para quebrar o clima.
_ Ângela Sem Cabeça, acordou!
Curupira o fuzilou com os olhos, já Ângela deixou escapar uma leve risada.
_ Oi Cissa. Por que insiste em me lembrar da antiga maldição? _ disse ela brincando, mas que fez os outros três sentirem o coração apertado. (difícil dever, né)
_ Hehe _ ela olhou todos com um sorrisinho. _ Eu disse para a Cuca que vocês se importavam comigo, mas ela disse que eu estava sendo burra, burra por proteger vocês, mas eu disse que vocês são meus amigos, e eu quis proteger meus amigos _ ela então entristeceu _ e ela não gostou disso. _ logo voltou sorrir. _ Mas aqui estão vocês! Meus amigos. Falta só a Lia.
Curupira resmungou.
_ Espero que continue faltando. E a Cuca, ela não tem ideia do que fez _ disse ele fechando os punhos.
Os enfeites do quarto, as penas amarradas  no teto, começaram a balançar, e a terra no chão começou a perambular pelo quarto.
_ Curupira, não vai fazer uma tempestade aqui dentro, né? _ disse Cissa.
Curupira respirou fundo e tudo parou.
_ Foi impulso _ disse ele.
_ Entendo _ murmurou Cissa.
Ângela bocejou.
_ Estou cansada, ainda.
Curupira sorriu de canto, mostrando seus assustadores dentes.
_Durma Xá po-porã. Ficaremos aqui para cuidar de você.
Ângela sorriu e se acomodou na rede.


Ângela é uma fofa, né? E ainda sim eu só ferro ela na história, sou má, credo. kk.
Beijos e até.

domingo, 22 de novembro de 2015

Poesia: Luzes Misteriosas

Olá meus caros.
O que acham de uma poesia sobre um tema totalmente divergente ao costumeiro? (e desde quando tu faz algo do costumeiro, Ju? Você é doidona menina!)


Luzes misteriosas.

Deslumbro tal luz repentina
Que surge do céu entre a neblina
Que não é uma estrela ou sequer um cometa
Tão pouco pertence a este planeta

Imagino o que sabes tais luzes
Ou se somente não me iludes
De onde vieram para onde vão
Por que aqui estão

Quais planos têm?
São do mal ou do bem?
Estão aqui a passear?
Ou por aqui querem ficar?

Digam-me luzes misteriosas!
Se suas intenções são amistosas
Ou se isto é somente um devaneio equivocado
De um terráqueo já cansado


 (eu na vida )
 Pra quem ainda não viu meu artigo de opinião sobre o tema extraterrestres, CLIQUE AQUI que está bem legal, principalmente para quem não acredita, pois poderá começar a acreditar (hahahahahahhhhh).
Espero que gostem, comentem, compartilhem essas coisas.

Beijos e até mais.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Escrever é ter esperança



Olá meus caros, hoje compartilharei com vocês um simples pensamento, tipo o texto "o que é escrever", só que olhando outro lado desse mesmo problema, como diria Gabriel O Pensador (amo), que é ser escritor, adoro escrever reflexões sobre tal tema, rss. 
Resultado de imagem para escrever tumblr
Escrever exige mais que vocação, criatividade, ou um bom conhecimento ortográfico, também, óbvio, contudo é mais do que isso, pede esperança; Ser escritor é se iludir com um futuro que pode nunca chegar, é escrever centenas de páginas, por um ano ou mais, gastando horas em pesquisas por algo que pode nunca ser lido, é um trabalho que só é reconhecido por aqueles que também o tem, é formar ideias que podem jamais serem compartilhadas, e prosseguir visualizando aquelas frestas luminosas de esperança; ficar sozinho, entre si mesmo e aqueles personagens que nunca existiram tão pouco existirão e continuar com correntes esperançosas presas em si; é a humilhação, os sonhos desfeitos, mas enquanto a vida existir, a maldita e cruel esperança também existirá e as palavras irão ser formadas, os personagens ganharão vida e as histórias serão criadas.


Espero que tenham gostado, comentam, essas coisas, rs.
 A Verdade Alternativa
E ah, eu reabri um blog antigo meu, A Verdade Alternativa, vou ter que corrigir todos os posts (há um ano eu era analfabeta pelo jeito, kkkkk), mas os temas totalmente intrigantes, idiotas, mas curiosos prosseguem, se quiserem dar uma olhada CLIQUE AQUI, irei voltar a postar lá logo, e irei tentar começar a lucrar com ele, por isso sairei daqui, mas esse é outro assunto, espero vê-los na reinauguração.

 BJS e até mais.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Folclore Oculto 2ºT: A Volta da Mula Sem Cabeça.



Olá Folclorianos Ocultos (por Tupã, que nominho ruim, mas vai esse mesmo)
Por que o segundo episódio sempre tem a Mula Sem Cabeça? Não faço ideia... Mas foi o que me deu na cabeça, e ficou bom, então “vamo que vamo” kk. E ah! Graças a Academia Brasileira de Letras, que não aquieta o c* (tuuuuuu, censurado) nunca, Mula Sem Cabeça não tem mais hífen, mas como eu escrevo na pressa tal "nome" pode aparecer com hífen ao longo do episódio, perdão desde já, kk.

Antes de voltar para a fazenda, Núbia resolveu fazer um lanche em um café qualquer, Cissa havia tentando chamar o helicóptero, então ela iria comer sozinha. Ele se recusava a contar o que estava acontecendo, o que só a deixava mais nervosa.
Logo então uma mulher entrou na lanchonete e sentou-se de frente com Núbia. Ela usava um vestido negro longo e com mangas compridas , largas e transparentes, e uma bota que parecia de couro verde escuro, como a tiara que só deixava os cabelos negros dela mais volumosos.
_ Olá garotinha Cabrall _ disse ela em um sotaque português de Portugal, ela então pegou o suco de laranja de Núbia e na maior cara de pau, bebeu alguns goles.
_ Hey! _ exclamou Núbia.
_ Perdão, estava com sede. Eu tinha que falar com você, mas não é sempre que aquele demônio te deixa sozinha.
Quem sabe as nuvens se afastaram do Sol, por isso os raios de luz entraram mais fortes pela janela e iluminaram o cabelo da mulher, só então Núbia notou que os cabelos dela não eram negros, eram verde escuro, na verdade, aquela mulher era a exata descrição de Paulo Cabrall. Núbia sentiu seu coração acelerar, não sabia se corria, ou tentava enfim descobrir quem era aquela bruxa.
_ Você, seu avô principalmente, já devem estar se perguntando por que voltei e como sei tanto sobre vocês.
_ Na verdade nem sei quem é você _ admitiu Núbia.
A mulher pareceu surpresa.
_ Edgar não falou sobre mim? Sinto-me magoada! Bem, mas ele irá falar e irá se questionar, por isso já aviso desde já. Eu sei que enfim ele se separou da suposta "Deusa", sei de tudo que ele fez e deixou de fazer nos últimos anos e vou usar tudo contra ele, e principalmente sei, que ele está desprotegido, sei onde ficou escondido todos esses anos com aquela loira sem graça da Iara. Então, é bom que ele entenda, que não há como fugir. E quer saber como sei de tudo isso? _ ela se apoiou na mesa e fitou Núbia _ A mulinha, amiguinha da família, me contou, não de propósito, tive que tortura-la, usar magia forte para fazê-la contar, sabe, manipular mentes humanas é fácil, mas de um amaldiçoado...
A mulher fez cara feia e bebeu mais alguns goles de sulco.
Núbia começou a ter medo do que lhe vinha a mente.
_ você... está falando de quem?
_ Da mulinha, oras pois, aquela coisa franzina e medonha que cozinhava na casa de Edgar, e já se achava amiga da família, dá para acreditar que ela se recusou a contar tudo sobre os Cabrall, por que não queria trair seus amigos? Idiota _ a mulher começou a rir.
_ Ângela! _ concluiu Núbia, ela se apoiou na mesa e pegou a mulher pela gola do vestido. _ O que fez com Ângela? Onde ela está?
_ Eu já disse o que fiz. Se alguém a achou, ela pode estar viva, se não... bem, da ultima vez que a vi ela estava quase sem respiração.
Núbia apoiou-se na mesa com brutalidade e encarou a mulher.
_ Bruxa maldita! _ bradou.
Todos da lanchonete as fitaram.
_ Ah, por favor, garotinha Cabrall, comporte-se! Olha o barraco _ disse ela cínica.
A mulher simplesmente se levantou.
_ Manda um beijo para Edgar, diga que estou... furiosa de saudade _ ela deu uma piscadinha e saiu em passos largos.
Núbia pegou sua bolsa e correu atrás dela, mas ao sair da lanchonete a mulher havia sumido.
...
Núbia encontrou-se com Cissa onde fora combinado, um heliporto de um hotel qualquer.
_ Menina, demorou.
_ Cissa, eu a vi _ disse ela imediatamente _ a tal bruxa que Paulo citou, eu a vi, ela fez algo com a Ângela! Temos que fazer algo!
Núbia entrou em desespero espontâneo e Cissa a abraçou.
_ Calma, minha menina, vamos... salvar Ângela, está bem? Mas tu precisa se acalmar, vamos conversar melhor sobre isso na fazenda, seu avô vai saber o que fazer.
Núbia assentiu.
_ Será que Ângela está bem?
_ Deve estar, sim, ela é protegida do Curupira, você acha mesmo que ele deixaria algo acontecer com ela? Óbvio que não.
Cissa beijou a testa de Núbia e a levou até o helicóptero.
...
Fazenda INA:
_ Irei tentar me comunicar com Curupira _ disse Cissa.
_ Ótimo _ disse Edgar ainda com expressão vazia, como estava desde que Núbia lhe contara o que ocorreu.
_ Edgar, vai ou não me contar quem é essa bruxa? _ disse Núbia.
Cissa fez cara feia e praticamente fugiu da conversa.
Edgar fitou Núbia e entortou os lábios.
_ É... uma antiga inimiga, a mais poderosa, mais poderosa até que o Saci, ela é mais velha que todos nós juntos, sequer é brasileira, sua origem é de Portugal.
_ Eu notei o sotaque dela. Mas... ela é conhecida no folclore brasileiro também?
_ Foi popularizada de forma bem errada por Monteiro Lobato.
_ Como sempre _ disse Núbia. Algo então lhe veio a mente _. Ela... usava vestis que pareciam com couro de jacaré.
Edgar a olhou como se dissesse: Matou a charada.
Núbia não conseguiu segurar uma risadinha.
_ Isso só pode ser brincadeira, né? Quer dizer, aquela mulher, ela não pode ser a Cuca.
_ Não só pode, como é. E acredite, ela é muito mais poderosa e maléfica do que se acredita.
_ Eu já achava um jacaré fêmea loira maléfica o suficiente.
_ Na forma monstruosa ela é bem pior que um jacaré loiro, para início de conversa, em Portugal, assim sendo, originalmente, ela é um dragão, um enorme dragão.
_ Dragões são bem piores que jacarés loiros.
Edgar assentiu concordando.
_ E é uma bruxa deveras poderosa na forma humana, devoradora de almas puras, em resumo, crianças. A forma que você viu é um disfarce _ Edgar desviou o olhar com expressão carrancuda _ um ótimo disfarce aliás, mas na realidade, ela é uma bruxa velha e horrenda.
O Humor de Núbia sucumbiu em segundos.
Logo Cissa desceu as escadas.
_ Vamos a Amazônia, é onde Ângela está.
_ Vão vocês, tenho más lembranças daquela região _ disse Edgar.
_ Ângela está bem? _ questionou Núbia esperançosa.
Cissa desviou o olhar.
_ Eu não diria bem, mas está viva.
Esse começo foi só uma apresentação da nova vilã, admito que acho engraçado as reações da Núbia quando ela descobre as verdadeiras formas das criaturas folclóricas “Eu já achava um jacaré fêmea loira maléfica o suficiente”, adoro...  
Beijos e até a próxima.