quinta-feira, 11 de junho de 2015

Folclore Oculto: Aprendiz de Feitiçaria

Olá leitores. 
Folclore Oculto voltou para se despedir, contudo, um detalhe interessante é que esse episódio terá seus posts diferentes, com um estilo divergente ao dos outros, uma forma de terminar essa série com estilo. 

1 A aprendiz de bruxaria

Com a volta de Lia, Núbia sentia-se mais à-vontade no casarão, o que era estranho sendo que há semanas atrás Lia havia matado dois homens, seja como for, o casarão estava com energias mais tranquilas que o comum. Lia e Edgar não estavam tão brigados quanto Núbia imaginava que estariam, quem sabe por agora Edgar respeitar mais a liberdade da esposa. Eles estavam dormindo em quartos separados, e pelo que Lia contara, ela deixara de ser prisioneira, agora poderia sair do casarão quando quisesse, o que preocupou um pouco Núbia. Primeiro porque com Lia livre pescadores estavam em perigo, e segundo, pois Edgar não seria tão bonzinho por nada, os dois estavam escondendo algo, e Núbia tinha que descobrir o que era.
A garota tentou sair por algumas vezes do casarão, mas sempre Lia aparecia com algum distraio, ou algo que precisasse da ajuda de Núbia, e assim ela passou o dia todo em casa, com Edgar, Lia e é claro, o mordomo Zumbi. A noite, Núbia olhava pela janela de seu quarto pensativa, Cissa pediu para que ela o encontrasse e ela não o fez, não que já o tivesse perdoado-o, mas sequer sabia se estava realmente brava com o Rapaz; logo seus pensamentos foram interrompidos por alguém que abria a porta do quarto.
— Olá mocinha — disse Lia. — Seu avô quer te ver.
Núbia bufou, mas acompanhou Lia até o escritório particular de Edgar.
Havia uma mesa de vidro negro com três cadeiras no centro, e duas estantes de cada lado do cômodo contento objetos medonhos (como fetos e membros de seres em conserva) e outros lindos (como pedras raras, plantas em vasos magníficos, e é claro, muitos livros).
Núbia observou os retratos pintados e pendurados na parede contrária a entrada, sempre sentiu vontade de perguntar quem eram, mas nunca teve coragem. Agora como Edgar ainda não havia chegado tentou tirar a curiosidade.
— Quem são aqueles? — perguntou Núbia apontando para os cinco quadros na parede.
Lia observou os quadros e começou a explica-los da direita á esquerda.
— São as pessoas mais importantes para Edgar. A primeira, a moça de cabelos longos e ruivos, é Thainara Cabrall, é a filha de Edgar. Quando comecei a... me aproximar de Edgar ela ainda estava viva, então tive o prazer de conhece-la. Sabe, ela não era a queridinha de Edgar por pouco, era uma pessoa maravilhosa, muito doce e lidava tão bem com sobrenatural! Diferente do irmão dela que preferiu fugir de casa do que viver em um mundo místico. — Lia observou Núbia com um sorrisinho. — Você é bem parecida com Thainara mesmo descendendo do irmão dela — comentou. — A única diferença é que ela tinha olhos claros como os do pai, mas as feições são as mesma, e personalidade também lembra bastante.
Nubia sorriu de canto.
Lia prosseguiu.
— Já o homem de cabelos ondulados meio compridinho, e pinta de aventureiro — Lia deixou escapar uma risadinha —, acredite se quiser, é Edgar, uns 100 anos mais jovem.
(segundo Lia: 100 anos antes, 100 anos depois, kk, uma observação exagerado mas compreensivel.)


Nubia ficou boquiaberta.
— Sério?
— Sim, nem sempre ele foi chato e ranzinza. Ele era um rapaz bem humorado, gentil, muito esperto e... bonito, e prosseguiu assim por longos anos, mas então aconteceram tantas coisas: a morte da primeira esposa, a fuga do filho, a paixão por alguém impossível — Lia abaixou o olhar e Núbia entendeu que ela falava de si mesma. — Logo, quando Thainara morreu — tentou prosseguir — Edgar já não era mais o mesmo. Aquilo... foi de mais — Lia olhou para o corredor certificando-se que Edgar não estava lá. — Não conte isso para ninguém Núbia, mas... eu gostei, quem sabe até tenha amado por um curto período Edgar Cabrall, na verdade ele foi o primeiro e unico por quem senti algo assim. Eu poderia ter ficado com ele por conta própria, sem ser obrigada, se ele prosseguisse o mesmo, porém não prosseguiu.
— Você ao menos gosta um pouco dele?
Lia negou com a cabeça.
— O tempo pode transformar amor em ódio, Núbia, além do mais, são sentimentos tão parecidos! — Ela voltou-se aos quadros. — Os outros dois quadros são dos pais de Edgar, e como é notório, foram pintados á séculos, as roupas são até coloniais. Por fim, o ultimo quadro é o filho de Edgar, que mesmo o abandonando prosseguiu como filho.
Lia e Núbia então fitaram dois espaços marcados na parede, como se houvessem dois quadro naquele local, que foram tirados depois de muitos anos ali expostos.
— E ali¿ — perguntou Núbia.
— Ali havia o retrato da ex esposa do Edgar, quando vim definitivamente para cá tirei, não achei que fosse necessário a lembrança dela nessa casa, eu já estava aqui, oras, porém Edgar não gostou muito disso... Mas bem. E o outro seria o meu retrato, que depois de alguns anos eu mesma tirei da parede e queimei, não queria mais ser uma das pessoas importantes para Edgar, pois ele já não era importante para mim, e Edgar também não gostou muito disso.
Núbia assentiu dando algumas risadinhas.
Logo se ouviu os passos na escada e visualizou-se Edgar no corredor. Ele entrou e observou as duas com olhar suspeito.
— Você pediu que eu a trouxesse até aqui, não foi? — disse Lia.
Edgar assentiu.
— Sim, obrigada. — Ele voltou-se para Núbia. — Sente-se criança.
Núbia sentou-se de frente com Edgar na mesa negra.
— Sente-se também Liara — disse Edgar apontando para a cadeira lateral entre Núbia e ele.
Lia deu de ombros e sentou-se, mas com expressão ainda carrancuda.
— Está bem — disse —, mas só para não deixar Núbia sozinha com você.
Edgar levantou uma sobrancelha, mas não retrucou.
— Então criança, depois desses poucos dias quero que mostre-me que minha atenção a ti não foi em vão.
— Se eu provar ter aprendido algo, o senhor me deixa sair... passear um pouco amanhã?
— Claro — disse Edgar de forma nada convincente.
Núbia respirou fundo e olhou fixamente para a  grande janela na parede do outro lado do corredor. Alguns segundos depois um pássaro cinza e pequeno pousou num galho próximo a janela e ficou observando o lado de dentro, logo mais um da mesma raça apareceu, alguns segundos depois surgiu mais um, dessa vez mais colorido, depois outro, e outro, e assim respectivamente. Em alguns segundos haviam  uns 30 pássaros diversos picando a janela, ou observando Núbia, que do lado de dentro prosseguia a fitar a janela.
— Controlar pássaros? — disse Lia um tanto estupefata.
— Atrair — corrigiu Edgar em um murmúrio, não querendo tirar a concentração de Núbia. — A energia natural, demonstração de poder místico, é isso que Núbia está fazendo, está expandindo o próprio espirito a ponto de chamar a atenção das aves.
Lia sorriu.                
— Muito bom para uma novata — concluiu.
— Sim — concordou Edgar.
Os dois trocaram um curto sorriso de satisfação. Depois Edgar tentou chamar a atenção de Núbia.
— Criança, já pode parar. Gosto do vidro daquela janela, não o quebre, por favor.
Núbia piscou e voltou-se para Edgar com um sorrisinho, orgulhosa de si mesma. Os pássaros voaram, meio atordoados como se tivessem saído de um transe hipnótico.
— Eu consegui! — disse Núbia contente.
Edgar sorriu seco.

— Sim, sim. Mas ainda é pouco, a senhorita pode mais, Núbia Cabral, muito mais.

Espero que tenham gostado, essa parte é só para esclarecer mais o passado de Edgar, tem muita coisa que eu ainda não expliquei, agora tenho que contar tudo no episódio final (palmas para mim, essa idiota que lhes fala kkk).
BJS

2 comentários:

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