sábado, 27 de junho de 2015

Folclore Oculto: Ideia Suicida

Olá leitores.
Vamos a quarta parte, o início da batalha entre Cissa e Edgar.

4 Ideia suicida 

No dia seguinte Núbia banhou-se e tentou vestir-se o melhor possível, pois aquelas roupas de garota deprimida estavam deixando-a só mais amargurada. Ao sair no corredor ouviu aquela voz horrenda.
— Criança — chamou Edgar no escritório do final do corredor. — Venha aqui, por favor.
Ela sabia que se não fosse por bem, iria por mal então caminhou até o escritório. Edgar apontou para uma das cadeiras da mesa de vidro lá presente.
— Sente-se.
Núbia sentou e logo Edgar fez o mesmo. Os dois frente a frente naquela mesa negra.
— Espero que esteja mais calma hoje — disse Edgar.
— E o senhor? Está menos controlador hoje? Ou ainda vai decidir tudo por mim?
Edgar expressou um leve sorriso.
— Não sei se me orgulho ou sinto ódio de sua rebeldia — admitiu ele. — Se quiser me odiar, não a impedirei, mas peço que ao menos siga com seus treinos em feitiçaria.
— Realmente acha seguro ensinar magia a quem te odeia?
— Como jamais saberá mais do que eu, sim ,acho.
Nesse mesmo instante ouviu-se um estrondo surdo, e logo uma vibração estranha percorreu o casarão.
— Sentiu isso? — disse Núbia um tanto assustada.
Edgar franziu os olhos.
— Eu... — ele então arregalou os olhos, estupefato. — Alguém quebrou minha proteção! — exclamou levantando-se e andando em passos largos para fora do escritório, Núbia o seguiu; Lia saiu de seu quarto em expressão confusa.
— O que está acontecendo? — perguntou.
Logo ouviu-se um chamado vindo da entrada.
— Oh de casa — disse uma voz mais do que familiar a Núbia.
A garota não conseguiu segurar o sorriso ao ouvir a voz ironicamente simpática, já Edgar ficou vermelho de Raiva. Todos apoiaram-se no corrimão e depararam-se com Cissa na entrada mandando um thauzinho.
— Oi família! — disse ele com seu sorriso sapeca. — Não vão me convidar para entrar?
Edgar rosnou e desceu as escadas.
— Como entrou aqui? Como quebrou meu feitiço? — bradava ele.
— Ah, não foi fácil — admitiu Cissa. — Fiquei quase a noite inteira fazendo uma macumbinha básica lá no quintal. Vocês são pessoas tão ocupadas que nem notarão as velas, né?
Lia não resistiu em tentar ver algo da janela.
— Está louco! Saia já da minha casa! — bradou Edgar
— Tecnicamente ainda nem entrei — disse Cissa olhando para o chão com o tapetinho da entrada. Ele então fitou Núbia ainda debruçada no corrimão e sorriu. — Oi Menina! Você sabia que eu viria, não sabia? Ao menos eu mandei Ângela te avisar.
Realmente Ângela dissera que se Núbia não fosse até Cissa, ele iria até ela, e Núbia duvidou, nunca mais duvidaria daquele garoto.
Edgar avançou a Cissa e o encarou.
— O que quer aqui, Saci? Não vê que isso é suicídio?
— É, quem sabe, mas eu realmente tinha que falar com você, Edgar, e Ah! Não me chame de Saci, por favor, para todos os casos meu nome é Cissa. Seja como for. —  Cissa pegou um papel do bolso da calça. — Lembra quando você me obrigou a assinar aquele contrato? Foi logo depois de me tirar o capuz. No contrato dizia que eu lhe entregaria o capuz em troca da minha perna, e de ter direito a usar meus poderes uma única vez. O contrato já começou mal, pois eu não entreguei o capuz, você me roubou, mas sendo que você era mais poderoso que eu, me obrigou a assinar aquela droga, assim até pareceu um acordo justo. Olha agradeço muito pela perna...
— E suponho que tenha usado seu poder para invadir minha casa — interrompeu Edgar.
— Na verdade não, eu já usei há semanas atrás para salvar sua tataraneta do Boto.
Núbia deixou escapar um gritinho surpresa, pois enfim entendeu o que ocorrera naquela noite.
— O que usei hoje foi feitiçaria branca mesmo, relembrei umas coisinhas com ajuda de Curupira, e por algum motivo, depois de tantos anos a mãe terra voltou a me ajudar — disse Cissa orgulhoso de si mesmo.
Edgar gargalhou.
— Não acha mesmo que acredito nisso? Depois de todas as diabruras que fez a mãe terra voltaria a lhe ceder poder? Impossível. Admita, voltou a fazer magia negra. Além do mais, só o mal iria lhe querer.
Cissa levantou uma sobrancelha.
— Olha quem fala... Eu nunca mais farei feitiçaria negra, nunca. A mãe terra me perdoou sim, e por causa dela — disse ele apontando para Núbia. — Minha menina despertou o melhor de mim. — ele então encarou Edgar. — e ninguém vai tira-la de mim, muito menos você Edgar Cabrall.
Uma neblina negra surgiu dentre as paredes da sala, os olhos de Edgar ficaram negros, e seu dentes afiados.
— Saia daqui agora Saci. Não custa nada lhe matar, na verdade, eu já devia ter feito isso há muitos anos.
— Mas não fez, e agora já era. Se você me matar sua querida e única herdeira jamais te perdoará, é isso que quer? O ódio eterno de Núbia.
— Inteligente ele é — murmurou Lia observando a cena de cima.
Núbia não sabia como agir, Cissa podia ser inteligente, mas Edgar era mais poderoso, aquilo era suicídio!
Cissa mostrou o papel que tirara do bolso.
— Esse seria um novo contrato. Um trato mais justo, o que acha? Diferente de você, não irei obrigar ninguém, nem posso, podíamos nos perdoar, não acha?
— Não — disse Edgar frio.
Cissa bufou.
— Você é difícil de lidar. — Ele olhou para Lia. — Como aturou ele por tanto tempo?
— Fui obrigada — respondeu ela naturalmente.
Edgar a olhou pasmo.
— Como vê Edgar — prosseguiu Cissa — sua torcida é menor. Se eu fosse você ao menos analisava o contrato.
— Por favor — pediu Núbia.
Edgar considerou e pegou bruscamente o papel. Logo riu.
— Está de brincadeira?
— Eu praticamente nasci brincando, mas dessa vez não, é sério. — Cissa deu um passo a frente e fitou Edgar. — Eu sei quais são seus planos, lhe conheço bem. Mas não se preocupe, eu não vou tirar sua herdeira, só não acho necessário que você a obrigue a ficar longe de mim. — Ele fitou Núbia com um olhar um tanto triste —. Se ela própria quiser ficar longe... tudo bem, mas... se não, você não pode obriga-la a nada.
Núbia enfim saiu do estado de choque e desceu as escadas até ambos.
— Ele está certo Edgar. Eu... juro que faço o que você quiser, mas não me prenda aqui, por favor, eu gosto, amo o Cissa, você não vai poder mudar isso.
Cissa sorriu já Edgar fez cara feia como se não estivesse ouvindo direito.
— Amar? Núbia, você sequer sabe o que é isso.
— Quem não sabe é você! — exclamou Lia do nada. — Eu particularmente acho Núbia e Cissa uns fofos. É claro que ele não é a pessoa mais confiável do mundo, mas não acho que ele minta sobre os sentimentos que sente por Núbia.
— Está louca Liara? — disse Edgar. — Depois de tudo ainda fica do lado do inimigo?
Cissa pegou as mãos de Núbia, e aproveitou o distraio de Edgar para falar no ouvido da menina.
— Quero que se algo ruim acontecer, lembre-se sempre que palavras inteligentes são tão fortes quanto palavras  mágicas ás vezes — disse ele do nada, então respirou fundo e enfim falou o que estava em sua garganta há semanas: — Quer namorar comigo?
Núbia sorriu e queria responder sem dúvida alguma, porém Edgar voltou-se a eles e separou as mãos.
— Eu não cairei em suas estratégias, Saci, saia para sempre da minha vida, minha e da de minha herdeira.
 Edgar revelou seus dentes de chupa cabra e uma neblina negra cercou Cissa e o empurrou para fora do casarão.
— Cissa! — gritou Núbia.
Aquilo teria matado qualquer um, mas Cissa simplesmente se levantou.
— Você não é o primeiro a tentar quebrar minha costela — lembrou ele. — Na verdade a tentativa é de matar, mas o máximo que conseguem é me deixar com dor nas costas.
 Edgar saiu o casarão e fez a neblina surgir novamente.
— Não me faça mata-lo aqui mesmo.
— Ah, prefere onde? — disse Cissa sínico.
Núbia queria matar o humor fora de hora de Cissa.

— Edgar por favor... — Núbia foi interrompida por uma força invisível que a levou de volta ao casarão e fechou a porta da sala. As janelas do casarão fecharam-se todas juntas trancando Lia e Núbia na aflição.



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2 comentários:

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