quinta-feira, 16 de julho de 2015

Folclore Oculto: Mais um Trato entre Cabrall e Saci

Olá seus lindos, hoje trago-lhes a sétima parte do final de Folclore Oculto, prontos? 

7 Mais um Trato entre Cabrall e Saci

Núbia não saberia dizer o que aconteceu, ou qual magia usou, simplesmente seguiu seus extintos, a paisagem a sua volta tornava-se um borrão e logo ela se viu de frente com a entrada da caverna\biblioteca de Cissa. Achou estranho logo esse local ter sido escolhido por Saci, quem sabe Cissa ainda lutasse pelo controle próprio, por isso estava afetando nas decisões de Saci.
Núbia entrou na caverna com cautela e segurou o grito ao ver a cena lá presente. Edgar estava amarrado em uma cadeira negra e coberto de cortes e sangue, ainda sim permanecia com expressão séria e inabalável, Saci pulava com sua única perna envolta de Edgar. Uma característica também desconhecida sobre Saci era que além de ter uma das pernas decepada, esta mesma jorrava sangue constantemente.

— Quanto mais se fizer de forte Edgar, mais lhe torturarei — dizia o Saci. — Olhe para você. Está velho, acabado, já passou da sua hora Cabrall.
— Concordo plenamente — disse Edgar. — Mas não será você o finalizador de minha vida, já planejei isso.
— Planejou sua morte? — questionou saci surpreso, mas com sorriso irônico.
Edgar assentiu naturalmente e Saci gargalhou.
Núbia achou que aquela era a hora certa, avançou com as mãos estendidas. Os livros nas paredes começaram a voar pelo o espaço circular. Saci voltou-se a Núbia com um sorriso sádico.


— A menina Cabrall também é bruxa! — disse ele.
— O que aconteceu com seus olhos? — perguntou Edgar com estranhamento.
Núbia ignorou ambos.
— Saci, solte Edgar, você pode se arrepender de tudo que está fazendo.
— Posso é? — ele se aproximou de Núbia, tinha odor de enxofre misturado com fumaça. — Por que menina? O que você pode fazer contra mim?
— Eu?  Nada. Você se fará arrepender-se. — Núbia sorriu. — Sabe algo que me veio a cabeça agora: Por que está me chamando de menina? Ou melhor. Por que não me mata? Sou uma Cabrall, estou te ameaçando!
O Saci franziu seus olhos vermelhos.
— Você é menina, oras, e eu vou te matar, mas não agora.
 Saci abanou as mãos provavelmente tentando afastar Núbia, mas seu poder não a afetou, o que o próprio estranhou; um campo de força protegia Núbia, a ônix.
— Você não pode fazer nada comigo — Núbia mostrou a ônix em seu pescoço e Saci levantou uma sobrancelha.
Três mines furacões surgiram repentinamente todos foram em direção a Núbia, mas ao se aproximarem sumiram. O saci começava a ficar com raiva e Núbia permanecia de braços cruzado despreocupada.
— Por que você não desiste? — disse Núbia.
Edgar soltou uma risadinha como se dissesse: essa é minha garota.
Saci deu uma bofetada na cara de Edgar que tirou mais sangue do homem, Núbia por impulso deu um soco no rosto de Saci que ao tentar agarra-la novamente não a conseguiu tocar.
— Ninguém seria capaz de fazer uma proteção assim contra mim — argumentou Saci.
— A não ser você mesmo — disse Núbia. — Você tem que lembrar-se de algo, tem que entender. Não precisa mais ser um demônio, Saci, pode ser livre com seu poder! Pode ser humano quando quiser e Saci quando necessário!
— Isso seria uma ótima proposta menina, mas meus desejos agora são outros, e você está me atrapalhando.
Saci mesmo não podendo tocar em Núbia, formou uma louca ilusão em volta da garota deixando-a confusa. Núbia visualizava Edgar depois ele sumia, Saci aparecia e desaparecia como vento. A sala parecia girar.
Os sons também se misturavam, a voz um tanto roca de Edgar dizendo para Núbia se acalmar e se concentrar “criança ele quer te enlouquecer, não deixe, seja forte”.  A risada de Saci cercando-a. “ não preciso toca-la para destruí-la menina”
— Para! — dizia Núbia.
Logo uma memória desagradável lhe veio a mente. De tudo que descobriu sobre o passado de Cissa havia algo que ela tentava ao máximo não pensar de tão atormentador, mas naquele momento parecia a única solução.
— Você não quer fazer nada comigo Saci — disse Núbia em voz confiante —. Não quer repetir o mesmo erro. Diga-me, você realmente não lembra de nada da época em que era  humano, de sua primeira vida? Sabe, quando ainda era escravo e se apaixonou por uma moça branca. Você lembra o que fez com ela Saci?
A sala respectivamente parou, e Núbia se deparou com Saci a encarando com fúria. Núbia aproximou seu rosto do daquela horrenda criatura.

— Você não se lembra dela, Saci? De ter a matado?
— Eu arranquei a cabeça dela com um machado — disse ele de forma aérea — eu... estava louco.
— Não se arrependeu depois?
— Não. Ela merecia.
— Por que ela não retribuía seus sentimentos, certo?
O Saci parecia confuso e desconfiado, mas ainda sim respondia as perguntas de Núbia.
— Creio que tenha sido isso.
— A menina, Saci, ela merece morrer?
— A menina... — Saci arregalou os olhos. — Você é a menina!
Núbia sorriu.
— Você se lembra.
Os olhos de Saci mudavam do cinza ao vermelho, piscando de forma frenética.


— Eu... nunca mais faria o que fiz. Mas... não quero voltar ao esquecimento.
Núbia compreendeu que o Saci humano era aquele de séculos atrás, o Cissa era alguém diferente, que surgiu para uma iniciativa divergente, que tinha ideias dessemelhantes, por isso Saci lembraria dos acontecimentos mais antigos, não o que viveu com Núbia, porém, Cissa lembrava-se de absolutamente tudo, por isso citando aquele acontecimento ela conseguiu despertar os dois lados. Cissa e Saci estavam juntos.
— Eu sei que não faria mais isso Cissa. E você não cairá no esquecimento Saci. O mundo natural depende do sobrenatural. Eu só acho que há como separarem as coisas de forma passiva.
O Saci franziu os olhos.
— E como posso saber que se eu deixar o tal Cissa voltar vocês deixaram que eu também volte algum dia.
— Tem minha palavra.
— A palavra de uma Cabrall? — disse ele com deboche.
— Saci, você poderá deixar de ser um demônio, mas continuará com os poderes, pode ser uma criatura poderosa, mas livre! O Cissa limpará sua imagem, como já estava fazendo e você usará seus poderes por conta própria! Mas... de preferencia sem muita crueldade.
O Saci sorriu sádico.
— Isso não posso garantir.
— É uma ótima proposta — comentou Edgar do nada.
O Saci fitou Edgar.
— Quem sabe, mas e minha vingança com Edgar Cabrall, menina, qual sua proposta para salvar seu parente?
Núbia tentou pensar em algo, mas sabia que era impossível convencer Saci a não matar Edgar.
— Eu já disse que irei morrer de qualquer forma — disse Edgar notando que Núbia estava sem ideias. — Já não está bom para você? Eu morrerei de forma bem dolorosa, aliás. Não é ótimo?
Núbia não fazia ideia do que Edgar falava, não sabia se estava blefando, mas pelo tom, ele parecia falar sério.
— Saci — disse Núbia enfim tendo uma ideia —, se matar Edgar estará fortalecendo seus laços com as forças negras, o que o impedirá de ser livre.
O Saci a fitou.
— Menina esperta, entendo por que meu outro... eu, se apaixonou por você. — O Saci conjecturou as propostas de Núbia — Está bem, aceito tudo. Mas se não deixar-me voltar, quero que lembre que sempre estarei dentro da cabeça do outro, do Cissa, então posso enlouquece-lo ou fazer coisas piores — disse ameaçador _. Então cumpra seu trato, Senhorita Cabrall, e sobre Edgar _ Saci sorriu maldoso _. Serei bonzinho e não o matarei.
Núbia assentiu, mas a forma como Saci dissera “matarei” realmente lhe preocupou.
Logo o Demônio gargalhou; a caverna voltou a girar; Núbia fitou tudo ficar cinza; escutou o grito de Edgar; e logo caiu no chão com uma forte tontura. Quando sua visão deixou de ficar embaraçada ela começou a entender o que havia ocorrido. Os livros de Cissa estavam jogados pelo chão, o Saci havia desaparecido e atrás de Núbia Edgar agoniava mudo. Núbia se virou e ficou imóvel. O Saci havia decepado a perna direita de Edgar, que agora sangrava sem parar. Núbia depois do choque correu até Edgar e soltou suas mão. As cordas queimavam, provavelmente era aquilo que impediu Edgar de usar qualquer poder. Edgar colocou as mãos na perna tentando ao máximo não demostrar o quanto sentia dor, uma coisa Núbia tinha que admitir, o cara era forte.
— Você foi genial Criança — disse Edgar tentando ignorar a perna na carne viva. — Genial.
— Sua perna, temos que fazer algo!
Edgar tentou expressar um sorriso.
— Não se preocupe, eu consigo... conter o sangue.
Edgar tocou a própria perna e o sangue começou a parar de jorrar, mas o corte ainda era horrendo.
...
Aquela noite era tensa. Ninguém sabia o que estava fazendo sentado ali naquele local.
Lia, Núbia e Edgar trocavam olhares na sala do casarão com a parede toda destruída.
— Você destruiu os encanamentos da casa toda — disse Edgar a Lia —,  e me salvou na primeira vez. — Ele colocou as mãos no pescoço.
— Eu sou louca mesmo, perdão — disse Lia dando de ombros —, devia ter deixado você morrer.
Edgar abriu um sorriso seco.
— Claro. Bem, eu sei que você tinha todo direito do mundo para se voltar contra mim. Eu... também fui louco. Impulsivo.
— Você nasceu assim, Edgar — disse Lia com um sorrisinho.
Ele franziu os olhos.
_ Só não consigo entender por que uma pessoa que tentou me matar tantas vezes, ficou preocupada quando quase morri _ disse Edgar com as sobrancelhas levantadas olhando desafiador a Lia.
Liara cruzou os braços com indiferença.
_ Não tente ouvir algo agradável de mim, Edgar. Você sabe muito bem a resposta para isso, não preciso falar.
 Edgar deu uma risada que parecia mais um resmungo convencido, sem dúvida ele sabia a resposta e gostava de tal. Voltou-se então para Núbia.
— E a senhorita roubou meu capuz, e o deu para meu maior inimigo.
— Você iria mata-lo! — argumentou Núbia.
Edgar assentiu.
— Exato, eu merecia isso também e no fim você me salvou.
Núbia deu de ombros.
— Somos todos loucos — concluiu ela.
Os três riram.
— Mas e agora? — perguntou Lia.
— Cada um decide o que quer fazer daqui em diante. Não tenho direito de interferir em suas escolhas — disse Edgar.
— Hum, precisou perder a perna para entender isso — resmungou Liara.
Núbia revirou os olhos, mas Edgar pareceu não ligar.
— Isso foi de menos, Liara. O que me fez mudar foram outras coisas, outras perdas.
Edgar fitou Lia como se pedisse perdão e deixou bem claro que a perna não era nada comparada as pessoas que ele perdeu com seu jeito dominador.
Lia não se comoveu, somente levantou-se e subiu para seu quarto.
— Ela é incrível — disse Edgar.
Núbia fez cara confusa.
— Eu realmente não entendo vocês.
— Nós também não.
Núbia negou com a cabeça e sorriu.
 Precisa de alguma ajuda? _ disse ela.
— Não, fico grato, criança, mas posso me virar sozinho.
Ele abriu seu sorriso seco, estalou os dedos e transformou-se em uma fumaça negra que voou até o quarto dele fechando a porta em um estrondo. Mesmo sem o capuz Edgar era realmente muito poderoso.
Núbia ficou um tanto surpresa, e quando olhou para cima, ao lado do quarto de Edgar, Lia estava na porta de seu quarto, olhando com o mesmo espanto.
  Eu tinha me esquecido de jogar uma coisa na cara de Edgar _ disse ela fitando a porta do quarto dele.   Aquela fumaça negra, era ele?
_ Sim _ confirmou Núbia.
Lia sorriu de canto.
_ Ele é incrível _ disse ela mordendo os lábios.
Núbia revirou os olhos.


_ Vocês dois são incríveis, incrivelmente complicados.



E aí, gostaram? Ou preferiam que o Edgar tivesse morrido? (kk, perdão gente, mas eu sou igual a Lia, sei que o Edgar é horrivel, mas não consigo deixar de ter uma queda por ele). Bem, os próximos posts serão para resolver os conflitos finais e o destino dos personagens (conseguem supor o que ocorrerá com os membros do F.O?), então não percam os próximos episódios e comentem o que acharam desse!  


Beijos e até a próxima.

15 comentários:

  1. Nossa, eu realmente pensei que o Edgar ia morrer!!!É, ele mudou da água pro vinho, agora até sorri...Dois em um, Cissa e Saci...kkkk...Isso é que é bipolaridade...Aguardo o feliz dia da postagem do final do conto! ^ ^
    By:FabiFashionS2

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. sim, rss. Acho que ser torturado pelo Saci muda uma pessoa. E sobre a bipolaridade Cissa e Saci, bem, acho que tal transtorno nunca foi tão perigoso, kkk.
      Ok, até.
      BJS FabiFashion.

      Excluir
  2. Acho que vou chorar!!!Fico super feliz quando vejo meu comentário respondido!!!É muito legal ver uma pessoa que escreve tão bem reservar minutinho pra responder uma anônima...Isso é muito legal, parece que realmente estou conversando com alguém que entende do assunto...e que também leva a sério a leitura e a escrita como eu!!!
    By:FabiFashionS2

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que isso. Aqui no C.L nós não só temos o costume, como gostamos e muito de responder os comentários, eu pelo menos amo, kk, é muito aprazível e vantajoso ver os comentários e dialogar com os leitores, sério, ajuda muito na evolução do próprio escritor, é bom saber o que o leitor gostou e não gostou, o que devemos melhorar ou prosseguir, então eu amo comentários. E você ESTÁ conversando com este alguém, rss.
      Comente sempre, que eu também vou responder sempre ;).
      Até FabiFashionS2.

      Excluir
  3. Olá Juju, agora sim finalmente eu!!!antes eu não tinha conseguido fazer o meu perfil no Google, tentava, tentava e não dava certo até que hoje eu consegui!!!Tô muito feliz!!!
    By:FabiFashionS2

    ResponderExcluir
  4. Olá Jujú!!!Finalmente consigui fazer meu perfil no Google!!Antes não conseguia, mas hoje deu certo!(sei que esse comentário não tem nada a ver mais previsava falar isso pra vc!)Que alegria!!!
    By:FabiFashionS2

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rss, olá (Jujú, meu antigo nome de blogueira, saudades, kk). Legal Fabi (posso chama-la assim?), tudo bem, fico feliz por ti. ;)
      Beijos.

      Excluir
    2. Fique sabendo dos seus outos blogs(me considere praticamente uma fã sua, rsrsrs),claro que vc pode me chamar de Fabi (amo meu apelido!), acho que é só isso por enquanto...
      By:FabiFashionS2

      Excluir
    3. É, eu vi que você lê o Oh Meu Rá também (não posto mais lá, porém estou sempre por dentro, sou a fundadora, né). Rss, obrigada!
      Até Fabi.

      Excluir
  5. capítulo ótimo. vocês são demais e o Mateus é um gato

    ResponderExcluir
  6. Estou sentindo falta dos posts dos outros. principalmente do Mateus, os desenhos dele são incriveis e o GuiZ e o outro menino tambem. Mateus é o meu crush eterno, já comentei demais bj

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu também,estou cansada de ficar sozinha aqui, mas fazer o que. Mateus é um artista mesmo.
      " e o outro menino também", kkkk, rachei.
      Rss, notei seu amor. Mas comente sempre, sem problema algum.
      BJS

      Excluir
    2. Poxa, valeu. A Julia que tem a manha dr fazer o pessoal postar, isso já é com ela kk
      Bj

      Excluir

No Crystal Land, os comentários são permitidos a qualquer um, não é necessário senha sequer outro meio que dificulte a publicação de um comentário aqui, é somente escrever, mandar, e esperar que os autores publiquem o comentário e responda; resumindo: o trabalho fica todo conosco, mas a opinião é de vocês. ;)
Leitor, comente o que achou sobre o texto! É importante ao autor e a melhoria do blog.