sexta-feira, 24 de julho de 2015

Folclore Oculto: Adeus? Não. Até logo.

Olá meus queridíssimos leitores.
Trago-lhes a ultima parte de Folclore Oculto, espero que gostem e que, se forem de menor, não façam o que Cissa e Núbia faram . kk 

Adeus? Não. Até logo.


Semanas depois estava tudo decidido. Núbia voltaria para São Paulo terminar o ensino médio e ficar um tempo com Rita. Nas férias ela regressaria ao sítio, e depois... Núbia era bruxa, não vidente, ela realmente não fazia ideia de seu futuro, só sabia com quem compartilharia.
A garota arrumava as malas, pois no dia seguinte voltaria a São Paulo. Era estranho pensar que quando estava lá imaginava que o sitio seria sem graça, e agora notava o quanto a internet e baladas eram chatas comparado a fugir de monstros e aprender magias brancas. Mas de tudo que ela deixaria para trás, havia algo, ou melhor, alguém, que realmente Núbia não sabia como ficaria sem, Cissa. No entanto Núbia estava furiosa com este mesmo, já entardecia e Cissa não veria lhe visitar? No dia seguinte ela iria embora e só voltaria dali meses! E ele sequer se despediria? Porém naquele mesmo instante ela ouviu as batidas, alguém jogava pedras na janela. Núbia foi até tal e visualizou Cissa lá embaixo com seu sorriso maroto fazendo sinal para ela descer.
Núbia sorriu e quando estava descendo as escadas viu Edgar sentado no sofá com olhar distante enquanto bebia alguns goles de vinho.
— Pode ir — disse ele, mesmo Núbia não perguntando nada. — Só espero que seja responsável.
Núbia assentiu contente.
— Prometo que serei, Vô.
Edgar a olhou um tanto surpreso e só então Núbia notou do que o chamara.
— Ah, perdão, Edgar — disse ela.
Edgar sorriu levemente;
— Tudo bem, vá.

Núbia saiu e viu Cissa a esperando na baia.
— Menina! — ele pegou a mão dela. — Preparei algo incrível para hoje. Você vai adorar.
Núbia olhou envolta.
— Já está anoitecendo Cissa. Por que não veio antes?
— Por que não teria graça e eu estava preparando tudo, oras. Vai ser divertido, mas você tem que confiar em mim.
Núbia ficou com um certo medo, ela amava aquele garoto, mas tinha que admitir que ele era um louco.
Cissa, sem pedir obviamente, pegou um dos cavalos de Edgar, um garanhão negro, e junto a Núbia galopou bosque adentro. Ele a levou até a caverna biblioteca que Saci destruiu, mas que Núbia e Cissa já haviam arrumado. Porém, naquele dia além de livros, havia uma fogueira no centro (distante dos livros, claro) garrafas com líquidos estranhos e panos no chão provavelmente para sentarem-se.
— Já ouviu falar da música da terra? — perguntou Cissa sentando-se junto a Núbia, envolta da fogueira.
— Acho que não.
— É uma música que somente bruxos ou coisas do tipo ouvem, você precisa se concentrar e acreditar. — Cissa pegou uma das garrafas. — Beba isso.
— O que você quer, Cissa? — disse Núbia com um sorrisinho inseguro.
— Quero que essa noite seja inesquecível para você, gracinha. Já que vai realmente me deixar — disse cinicamente dramático.
Núbia riu.
— Eu vou voltar.
— É claro que vai! Nem que eu tenha que lhe buscar a força!
Núbia riu e Cissa acariciou o rosto dela.
— Sabe, como fazia parte do trato eu usarei o capuz às vezes, então nunca sei como ou onde vou acordar depois das peripécias de Saci. Mas juro que tentarei me comportar.
Núbia riu.
— Eu sei.
Cissa então franziu os olhos.
— Mas é bom que você também se comporte, hein, menina. Faça uma lista de qualquer moleque que blefar contigo.
— Por quê?
— Uai, quando eu for te visitar eu mato todos, oras.
Núbia riu.
— Pare de falar besteira, Cissa. _ Ela então lembrou-se de algo: _ Ah, você sabe o que significa Xá Po-porã?
Cissa levantou uma sobrancelha.
_ Sim, é uma frase tupi, significa "minha bela ingênua", ou algo do tipo. Por quê?
_ Ah, nada. _ Núbia riu _ esse é o apelido que Curupira deu a Ângela.
Cissa riu.
_ É, eu sei. Acho que ela nem sabe o que significa.
Núbia assentiu.
_ Mas bem. — Ele bebeu o que havia na garrafa. — Isso vai nos ajudar a chegar ao outro plano mais fácil.
— Resumo: nos deixará bêbados — supôs Núbia.
— Exatamente, mas prefiro não pensar assim.
Ele voltou a oferecer a Núbia e ela bebeu apenas um gole, tinha sabor de maracujá com álcool.
Cissa levantou e ajudou Núbia a se levantar também, ele se aproximou dela com as mãos dadas e logo ambos começaram a dançar. Cissa rodopiou Núbia, ela sorriu e fechou os olhos e após alguns segundos ouviu um zumbido, algo longe e profundo; folhas batiam, vários sons noturnos que juntos formavam uma melodia estranha mais envolvente, ela achou loucura no início, mas minutos depois estavam Cissa e Núbia rodopiando pela caverna, gritando, gargalhando e pulando; juntos ou separados. Núbia sequer se lembraria quando ou como, mas bebeu duas daquelas garrafas com líquidos estranhos e Cissa bebeu as outras.


Ela realmente não saberia dizer o que ocorreu, quando começou a dançar daquela forma louca, nem quanto tempo tal devaneio durou, podem ter sido minutos, ou dias! As imagens eram embaraçadas, estava tudo escuro, com alguns  borrões da fogueira ou da camisa branca de Cissa. Núbia nunca sentira-se tão feliz em toda sua vida. Mas tudo acaba: Logo então as pernas da garota enfraqueceram e ela sentiu o cansaço. Caiu no chão, encima de um dos panos ali jogados. Cissa caiu um pouco mais distante, mas ao ver Núbia deitada e rindo que nem louca, meio que se arrastou até ela. Ele ficou do lado dela apoiado pelo braço.
— Está feliz menina? — disse ele acariciando-a.
Ela assentiu.
— Muito! O que aconteceu? — Núbia riu. — Você me embriagou!
Cissa gargalhou.
— Você se embriagou! — Ele a beijou no rosto e nos lábios, depois debruçou-se sobre ela e prosseguiu a beijando. — Eu te amo muito Núbia Cabrall — murmurou no ouvido dela — Você é tudo pra mim, menina. É a única coisa boa que já me aconteceu.
— Eu também te amo, menino, amo muito!
Núbia voltou a rir mais um pouco e bocejou. Cissa deu-lhe mais um beijo no rosto.
— Está cansada? — perguntou ele.
— Sim. Preciso voltar pra casa.
Cissa sorriu maroto.
— Nem pensar. Você vai ficar comigo essa noite. — Ele pegou um pano dobrado ao lado e o estendeu sobre Núbia, como um cobertor. — Vou cuidar de você. Essa noite e sempre, minha menina.
Núbia sorriu e deu de ombros. Cissa a puxou pela cintura, depois deu-lhe um beijo na testa, já a garota simplesmente se aconchegou no rapaz esquecendo-se totalmente que havia uma casa a se voltar. Assim dormiram abraçados.
...
Núbia não sabia o que dizer a Edgar quando chegasse em casa, dormiu fora, estava encharcada já que Cissa havia a levado ao lago praticamente a força, a pegando no colo sem lhe dar muita opção de fuga. Foi divertido, maravilhoso, óbvio, mas agora que voltava ao mundo real ela começava a notar o quão estava encrencada.
Os dois pararam na baia e observaram o casarão.
— Tentarei voltar aqui para me despedir — disse Cissa beijando a mão de Núbia.
Núbia sorriu e acariciou a trança que Cissa fez em seus cabelos.
— Bom mesmo.
— Só espero que Edgar não esteja lá na hora, sabe, se ele me odiava antes, depois dessa noite vai querer voltar a me matar.
Núbia riu.
— Também acho. Mas bem, o que interessa é que pelo menos o capuz ele já esqueceu.
Cissa sorriu torto.
— É, agora essa responsabilidade é minha. Ás vezes minha vontade é queimar aquele pedaço de pano desgraçado.
— Cissa! — Núbia por um momento conjecturou — Eh... isso seria possível?
— Não, já tentei, acredite.
Núbia entortou os lábios.
_ Então só cumpra o trato, mas não deixe de ser o Cissa.
_ Jamais.
Cissa acariciou o rosto de Núbia e a beijou.
...
É obvio que quando Edgar viu Núbia quis matar Cissa, mas por algum motivo a única coisa que disse foi: Vá banhar-se, vista-se de forma apropriada, depois conversamos.
Edgar fez um pequeno interrogatório e com seus dons soube que tudo que Núbia dissera era verdade, então, ok.

15:00

O Taxi que Edgar chamara já estava a espera de Núbia, ela prendeu os dois colares no pescoço, os presentes de Cissa e Lia, se olhou no espelho do quarto pela ultima vez, estava ainda com a trança feita por Cissa e com uma tristeza horrível. Desceu as escadas e expressou um sorriso a Edgar que estava sentado no sofá da sala e somente acenou. Ela poderia achar tal despedida um tanto fria, mas sabia que aquilo já era de mais vindo de Edgar Cabrall, sem contar, que mesmo mais aprazível, ele só estava mais reservado desde que Lia se fora.
Núbia visualizou o motorista encostado no carro, estava tudo pronto, era só ela ir, mas sentia que ainda não podia, olhou em volta, fitou a baia e concluiu que Cissa não viria.
Quando estava entrando no carro ouviu o chamado.
Cissa saiu da mata correndo, acenou para o taxista que já parecia entediado depois de tanta espera e fitou Núbia com uma expressão totalmente perdida.
— Eh... veio se despedir? — disse Núbia.
— Bem. Ir contigo eu não posso — debochou ele.
Núbia deu uma bofetada no ombro de Cissa, que sorriu, mas depois voltou a sua expressão perdida.
— Eu não faço ideia do que digo, menina. Sou esperto para dizer as coisas certas na hora de conseguir algo, mas agora, em uma simples despedida... não faço a mínima ideia do que dizer.
Núbia sorriu.
— Tchau?
Cissa negou com a cabeça.
— Acho que não, prefiro até logo. O que acha?
Núbia sorriu e assentiu. Ela olhou para o casarão e para o bosque com tristeza.
— Até logo — disse ela em um murmúrio distante.
Cissa a beijou de leve nos lábios.
— Até logo, menina.

Núbia entrou no taxi e quando o carro deu a partida tentou não olhar para trás, mas em certa parte do caminho de terra não resistiu e se virou, ficando de joelho no banco traseiro, e para sua grande surpresa, Cissa ainda estava lá, a fitando partir com um pequeno sorriso que expressava uma simples e inconfundível mensagem: “isso é somente o começo, menina, de uma outra longa história”.
(imaginem uma musiquinha triste)




Bem, devo agradecer a todos que acompanharam a série, foi realmente uma experiência ótima, Folclore Oculto era para ser uma série qualquer só para ter o que postar aqui, mas com o tempo acabei melhorando e interessando-me mais pela história até que tal ficou como uma das melhores que já fiz e amei também kk ( e tem o Cissa, cara, CISSA! S2). Para vocês terem uma ideia, no total da série foram 82 páginas (não é o bastante para um livro, mas também não é pouco).

Por mim eu faria sim uma “segunda temporada”, aliás, tal já foi criada na minha cabecinha meio que sem querer, mas só irei escreve-la se eu tiver certeza que haverá leitores, então, comentem se querem mesmo uma nova fase de F.O, se não, há muitas outras histórias para contar (se depender de mim esse blog não morre, kk).
Espero que tenham gostado, que comentem, e que eu os veja também em outros posts.
Super-beijos e até logo ;) (adeus jamais, hein).

4 comentários:

  1. Eu quero uma Segunda Temporada!!!!!!!!! Aiiiiiii!! Tô doida pra saber do futuro do casal princípal, da reação do povo depois da morte do Edgar, da Ângela e o Curupira kkkk, de novos personagens também...........e claro da Núbia em São Paulo!!!!
    Vou sentir muita falta de dizer: Até a próxima!!!! Se é que não vai ter próxima, certo?
    Ai, ai.......não quero dizer thau, então........"ATÉ LOGO"!!!
    Beijinhus!!!

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    1. Rss, ok, sem dúvida seu comentário é um incentivo. Então, vamos dizer que o povo não vai deixar Edgar morrer tão cedo. E os casais prossiguirão, claro kk. Ah sim, teria vários novos personagens, um deles seria o novo vilão (já que Edgar se redimiu) ou melhor, vilã.
      Sim, isso é muito incerto, mas mesmo que eu não faça a segunda temporada tão cedo, terá outras séries. Então até logo
      BJS

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  2. O que????Depois de tudo isso a Núbia volta pra São Paulo!OMG!*-*Espero muito a continuação...Ainda há muitos mistérios pra nossa "moçinha" desvendar!!!

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    1. É eu sei, nada do esperado, mas se formos realistas vemos que... bem, Núbia não poderia simplesmente abandonar tudo, ela precisa terminar os estudos etc, fazer o que, a história é cheia de magia mas não acontece em Nárnia, e sim no brasil.
      Rss, ok, já vi que realmente terei de fazer a segunda temporada, tal já está toda pensada, será bem interessante.
      BJS, e até Fabi.

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