Folclore Oculto 2ºT: Famílias Amaldiçoadas P/5 (ultima)

Essa é a ultima parte do primeiro episódio da segunda temporada, curta e legal. kk, sem delongas "vamo que vamo"

5º parte

Núbia bateu palmas de frente a um portão grade de ferro, daquela humilde casa num bairro qualquer de Pernambuco.

_ O que dizemos a ele? _ questionou Núbia a Cissa que estava ao seu lado.

_ Não sei, mas não se preocupe, eu dou um jeito, tenho uma lábia infalível, sei ser simpático.

_ Ah sim, isso foi bem notável da ultima vez, te deixei alguns minutos com Henrique, e do nada ele estava correndo atrás de nós como um monstro.

_ Aquilo foi um imprevisto, não vai acontecer novamente, estamos em um local mais movimentado, não acho que o cara vá se transformar aqui.

Núbia deixou escapar uma risadinha e Cissa pegou na mão dela e a beijou de leve.

A porta vermelha a alguns metros do portão separada por um acimentado, começou a se abrir, e os dois tentaram parecer comportados.

Logo um homem de camisa vermelha simples, cabelos castanhos que no sol ficava um tanto cobre, um tom peculiar de ruivo, sardas, rosto duro, como de alguém já bem vivido, mas não velho, devia ter uns 45 anos.

_ Olá? _ disse ele fitando Cissa e Núbia.

_ Olá, Paulo Cabrall Soares, certo? _ disse Núbia com um sorrisinho simpático.

O homem assentiu e se aproximou.

_ Sou, por quê?

_ Meu nome é Núbia Cabrall, sou uma parenta distante sua, sei que nunca nos vimos, mas creio que tenhamos muito a conversar.

O homem levantou uma sobrancelha, não muito convencido, depois fitou Cissa com certo estranhamento.

_ Bem, Paulo _ começou Cissa _, vamos ser mais diretos. Eu não sou seu parente, mas também estou aqui para te ajudar. Você anda se transformando em uma criatura gigantesca e feia que se alimenta de sangue com frequência nesses últimos anos? _ perguntou naturalmente.

_ Cissa! _ exclamou Núbia. _ Essa é sua lábia infalível? _ ela fitou Paulo _ Perdão, senhor Paulo, meu namorado é meio louco, eu...

_ É de família? _ interrompeu Paulo, parecendo mais interessado.

_ O que? Ter um namorado louco, por quê? Você também tem um? _ disse Cissa com um sorrisinho sapeca.

Paulo o fitou mal humorado, mas se aproximou e enfim abriu o portão.

_ Não, a criatura _ ele fitou Núbia _. Vocês estão aqui por causa disso, vocês sabem que eu me transformava por que é de família, certo?

Núbia assentiu, já Cissa foi mais atencioso e notou algo.

_ Espera, você disse: me transformava? Pretérito imperfeito? Passado?

Paulo assentiu.

_ Sim. Não me transformo mais, há três anos, aliás. _ O homem sorriu _ Minha vida começou naquele dia, nunca tentei procurar ajuda, tinha medo do que os outros pensariam, mas daí, ela surgiu, aquela mulher estranha, mas que me ajudou.

_ Mulher estranha? _ disse Núbia franzindo os olhos.

_ Sim, juro que nunca gostei dessas coisas de bruxaria, _ ele pegou um crucifixo dourado e pequeno pendurado em seu pescoço _ sou cristão, jamais aceitaria a ajuda daquela mulher, mas naquelas circunstâncias foi a única forma. Eu tinha uma família, filhos, morria de medo que isso acontecesse com eles também, mas ela me curou, e preveniu minhas crianças, ela disse que somente os homens sofriam a maldição, se não me falha a memória.

_ Sim _ confirmou Núbia _, Mas isso me parece impossível, a maldição pode ser controlada, jamais encerrada, não é Cissa?

Cissa estava ocupado naquele momento olhando o crucifixo de Paulo, como se tivesse medo que o crucifixo saísse do pescoço de Paulo e desse um golpe de capoeira nele. Não deve ser nada fácil ter um demônio dentro de si, pensou Núbia fitando o namorado.

_ Cissa _ voltou a chamar ela.

Ele enfim a fitou.

_ Ah, perdão. Eh... Você está certa, menina, isso é impossível, pelo menos até onde sei, seu avô mesmo passou anos tentando reverter a maldição usando o capuz. Creio que o único que reverteria a maldição, foi quem a criou, o Saci, mas ele não é lá muito social e prestativo, então nem para mim, que sou parte dele, ele conta como se desfaz essa praga.

_ Foi há três anos que ele voltou a ativa _ lembrou Núbia.

_ Mas ele não é mulher _ retrucou Cissa parecendo até ofendido.

_ Vocês estão falando do Saci, o negrinho do folclore? _ disse Paulo pasmo.

_ Negrinho do folclore para mim, é o Pastoreio _ disse Cissa. _ Estamos falando do negrinho mau do folclore. Ou EU há alguns anos.

Paulo arqueou as sobrancelhas.

_ Eh... Esqueça isso _ apressou-se Núbia _; a bruxa, é dela que temos que falar, quem é essa bruxa, e por que ela te ajudou?

Paulo deu de ombros.

_ Não sei o nome dela. Ela disse que eu era descendente de alguém importante para ela, disse que se me curasse, eu e meus filhos, mostraria a essa pessoa do que ela era capaz, bem eu não discuti.

Cissa baixou o olhar, como se começasse a encaixar as peças.

_ Essa tal mulher, como era?

Paulo entortou os lábios, tentando lembrar.

_ Era magra, bonita até, tinha olhos azuis, mas um cabelo bagunçado, volumoso e verde escuro. Ela usava roupas longas, escuras, a jaqueta... parecia couro de jacaré, e tinha um cajado...

_ Negro esverdeado cheio de ondas e volumes _ supôs Cissa e Paulo assentiu. Cissa fez cara feia. _ Droga, ela não, ela não.

_ Ela quem? _ disse Núbia assustada.

_ A mais poderosa bruxa que se tem conhecimento, ela é mais antiga que qualquer um, não é nem brasileira, veio das antiguidades europeias, uma daquelas drogas que os portugueses trouxeram nos barcos, sabe?

_ Quem é, Cissa? _ exclamou Núbia já nervosa.

_ Seu avô poderá te contar mais sobre ela. A única coisa que posso adiantar, é que estamos bem encrencados.

...

Cissa é divo, rss, zoera de mais também (não devia falar essa gírias, eu sei). Bem, no próximo episódio teremos personagens já conhecidos reaparecendo (casalzinho fofo e estranho entre tais), mais a primeira aparição da principal vilã da história (por que até a maldade do Edgar, o que o fez vilão da primeira temporada, é culpa dessa maldita, kk), já descobriram quem é ela, né?