Olá meus caros.
Esse é aquele tipo de capitulo calmo, sem crucial importância, mas necessária para fazer sentido.
Parte 2
Em cabana de palha, parecida com uma oca, porém
maior, foi onde Núbia passou alguns meses junto a curupira, na época seu
professor de magia verde. Agora ela voltara lá, mas por um motivo nada agradável.
A recepção já não foi muito boa. Na entrada, segurando um pedaço pau, um tronco
grosso com algumas folhas verdes, estava Caipora, como sempre, nada receptiva.
Caipora era uma índia gorducha com o corpo coberto por trepadeira, uma pele de
onça amarrada na cintura, e o cabelo negro espetado e com penas de variadas
cores enroscadas.
Ao ver Núbia, ela chiou, mas em outros tempos seria
pior.
_ Também é ótimo revê-la Caipora _ disse Núbia _
Curupira está em casa?
_ Sim, não sai mais desde que trouxe a mula pra cá _
disse ela com seu jeito rústico, como de uma criança que aprendeu a falar a
pouco tempo.
Núbia assentiu e entrou na oca junto a Cissa, que
antes mostrou a língua para Caipora, só por zoera mesmo.
A sala principal era até bem ampla, mas simples,
alguns banquinhos de madeira, no centro que seria uma fogueira e algumas
lanças e arco e flechas pendurados na parede, havia também entradas que no
lugar da porta, haviam cordas com enfeites coloridos pendurados, e sem que
necessário chamar, Curupira simplesmente surgiu de um destes, ele fitou os
dois, nada bem humorado. Seus cabelos cor de fogo pareciam realmente estar em
chamas. Seus olhos verdes claros e felinos estavam em fúria. Mas mesmo que
estivesse de bom humor, ele não era lá a criatura mais simpática do planeta.
Sua pele verde, seus pelos castanhos alaranjados, os dentes verdes escuros, e
os pés virados para trás eram as características de tal criatura.
_ Cadê Edgar Cabrall _ disse ele em sua voz peculiarmente
irritante. _ Foi culpa dele, sempre é.
_ Dessa vez nem tanto _ disse Núbia.
Curupira franziu os olhos com raiva.
_ Como não, Núbia? A Cuca fez o que fez para
conseguir informações sobre Edgar! Por causa de conflitos dele, Ângela pagou,
isso por que ela foi fiel a vocês e não quis contar nada!
_ Está bem, calma Curupira _ disse Cissa dando um
passo a frente. _ Viemos aqui para ajudar, não adianta descontar seu ódio em
nós.
Curupira resmungou, mas fez sinal para que eles o
acompanhassem.
Quando Núbia olhou Ângela deitada naquela rede
simples, seu coração apertou, Ângela sempre fora franzina, abatida, mas agora
estava pior do que nunca, estava mais magra, muito mais magra, os cabelos
negros agora eram grisalhos, quase que totalmente brancos e a pele, como de um
fantasma!
Núbia aproximou-se e acariciou de leve o rosto frio
de Ângela.
_ Ela está horrível! _ exclamou Cissa sem pensar.
Curupira o fitou com seus olhos felinos.
_ O que podemos fazer para ela melhorar? _ Disse Núbia
preocupada.
_ Só tem uma forma e... não é nada boa _ respondeu Curupira.
_ O quê?
Curupira observou Ângela como se quisesse se certificar
se realmente ela estava desacordada.
_ O que Cuca fez com ela, além de sugar todas as
forças e a juventude, também lhe trouxe de volta a maldição, e mesmo que isso
seja ruim, também é a única solução. A única forma de Ângela voltar a ficar bem
é...
_ Devorar cadáveres de crianças _ supôs Núbia
fazendo cara feia.
Curupira assentiu.
_ Ela não vai gostar nada disso _ disse Cissa.
_ Ela irá odiar, irá me odiar por deixa-la se
transformar, mas... não posso deixa-la morrer _ disse Curupira visivelmente
abalado, algo raro.
Ele tentava ao máximo não demonstrar sentimentos, era
imprevisível e nada gentil, mas era gente boa, e principalmente, totalmente
fiel ao imenso carinho que sentia por Ângela.
_ Iremos cuidar para que ela não faça nada de mal enquanto
estiver como Mula Sem Cabeça _ disse Núbia.
Curupira assentiu, mas não tirou os olhos de Ângela.
_ Não há como contar para ela, ela não vai aceitar,
mas é a única forma. Ela precisa se fortalecer, precisa.
_ E depois? O que faremos? _ disse Cissa.
Curupira deu de ombros.
_ Quem sabe ela nos odeie para sempre.
Núbia e Cissa abaixaram o olhar de forma triste.
Curupira acariciou de leve os cabelos de Ângela e suspirou.
...
Algumas horas se passaram. Ângela acordou com Núbia
sentada em um tronco de madeira ao lado de sua rede.
_ Núbia? _ disse Ângela em um murmúrio.
Seus olhos grandes e castanhos estavam cansados e
quase sem brilho.
_ Oi Ângela, eu vim ajudar Curupira a cuidar de
você.
Ângela expressou um sorrisinho de canto.
_ Curupira... ele me salvou de novo. Sempre salva.
Salva sim _ Disse ela no seu jeitinho costumeiramente estranho e medonho.
Núbia assentiu.
Ângela pegou nos próprios cabelos e entristeceu.
_ Estou velha, estou... horrível, mais do que o
comum.
_ Você nunca esteve horrível _ disse Curupira
entrando no quarto. _ Xá po-porã.
Núbia lembrava-se bem daquele apelido que Curupira
deu a Ângela, Xá po-porã, uma frase tupi que provavelmente, Angela ainda não sabia o significado.
Ângela sorriu não muito convencida. Curupira perguntou:
_ Sente-se melhor, xá po-porã?
Ângela assentiu.
_ Um pouco, mas ainda tenho dor, muita dor, mas não
tanta dor como antes, e tenho frio, muito frio, mas não tanto como antes, e
fraqueza, como antes _ disse Ângela.
Curupira assentiu.
Núbia pegou a mão de Ângela.
_ Mas logo você ficará bem, querida, não se preocupe
_ disse ela.
Ângela deu de ombros.
Núbia e Curupira trocaram olhares, eles realmente
estavam perdidos com tudo aquilo. Logo Cissa entrou para quebrar o clima.
_ Ângela Sem Cabeça, acordou!
Curupira o fuzilou com os olhos, já Ângela deixou
escapar uma leve risada.
_ Oi Cissa. Por que insiste em me lembrar da antiga
maldição? _ disse ela brincando, mas que fez os outros três sentirem o coração
apertado. (difícil dever, né)
_ Hehe _ ela olhou todos com um sorrisinho. _ Eu
disse para a Cuca que vocês se importavam comigo, mas ela disse que eu estava
sendo burra, burra por proteger vocês, mas eu disse que vocês são meus amigos,
e eu quis proteger meus amigos _ ela então entristeceu _ e ela não gostou
disso. _ logo voltou sorrir. _ Mas aqui estão vocês! Meus amigos. Falta só a
Lia.
Curupira resmungou.
_ Espero que continue faltando. E a Cuca, ela não tem
ideia do que fez _ disse ele fechando os punhos.
Os enfeites do quarto, as penas amarradas no teto, começaram a balançar, e a terra no
chão começou a perambular pelo quarto.
_ Curupira, não vai fazer uma tempestade aqui
dentro, né? _ disse Cissa.
Curupira respirou fundo e tudo parou.
_ Foi impulso _ disse ele.
_ Entendo _ murmurou Cissa.
Ângela bocejou.
_ Estou cansada, ainda.
Curupira sorriu de canto, mostrando seus
assustadores dentes.
_Durma Xá po-porã. Ficaremos aqui para cuidar de
você.
Ângela sorriu e se acomodou na rede.
Ângela é uma fofa, né? E ainda sim eu só ferro ela na história, sou má, credo. kk.
Beijos e até.
Beijos e até.
Eeeeee!!!Praticamente um capítulo só da Ângela <3 (pra tirar os atrasados, he he)
ResponderExcluirTa bom entendi, sabia que o Curupira tinha cuidado dela!!!Eles fazem um casal muito fofo...ooowwwnnn
By:Fabi
kk. sim.
ExcluirÉ claro, Curupira é um herói, e concordo sobre eles serem um casal fofo. <3
Até.