sábado, 28 de novembro de 2015

Folclore Oculto 2ºT: A Volta da Mula Sem Cabeça P/2

Olá meus caros.
Esse é aquele tipo de capitulo calmo, sem crucial importância, mas necessária para fazer sentido. 

  Parte 2

Em cabana de palha, parecida com uma oca, porém maior, foi onde Núbia passou alguns meses junto a curupira, na época seu professor de magia verde. Agora ela voltara lá, mas por um motivo nada agradável. A recepção já não foi muito boa. Na entrada, segurando um pedaço pau, um tronco grosso com algumas folhas verdes, estava Caipora, como sempre, nada receptiva. Caipora era uma índia gorducha com o corpo coberto por trepadeira, uma pele de onça amarrada na cintura, e o cabelo negro espetado e com penas de variadas cores enroscadas.
Ao ver Núbia, ela chiou, mas em outros tempos seria pior.
_ Também é ótimo revê-la Caipora _ disse Núbia _ Curupira está em casa?
_ Sim, não sai mais desde que trouxe a mula pra cá _ disse ela com seu jeito rústico, como de uma criança que aprendeu a falar a pouco tempo.
Núbia assentiu e entrou na oca junto a Cissa, que antes mostrou a língua para Caipora, só por zoera mesmo.
A sala principal era até bem ampla, mas simples, alguns banquinhos de madeira, no centro que seria uma fogueira e algumas lanças e arco e flechas pendurados na parede, havia também entradas que no lugar da porta, haviam cordas com enfeites coloridos pendurados, e sem que necessário chamar, Curupira simplesmente surgiu de um destes, ele fitou os dois, nada bem humorado. Seus cabelos cor de fogo pareciam realmente estar em chamas. Seus olhos verdes claros e felinos estavam em fúria. Mas mesmo que estivesse de bom humor, ele não era lá a criatura mais simpática do planeta. Sua pele verde, seus pelos castanhos alaranjados, os dentes verdes escuros, e os pés virados para trás eram as características de tal criatura.
_ Cadê Edgar Cabrall _ disse ele em sua voz peculiarmente irritante. _ Foi culpa dele, sempre é.
_ Dessa vez nem tanto _ disse Núbia.
Curupira franziu os olhos com raiva.
_ Como não, Núbia? A Cuca fez o que fez para conseguir informações sobre Edgar! Por causa de conflitos dele, Ângela pagou, isso por que ela foi fiel a vocês e não quis contar nada!
_ Está bem, calma Curupira _ disse Cissa dando um passo a frente. _ Viemos aqui para ajudar, não adianta descontar seu ódio em nós.
Curupira resmungou, mas fez sinal para que eles o acompanhassem.
Quando Núbia olhou Ângela deitada naquela rede simples, seu coração apertou, Ângela sempre fora franzina, abatida, mas agora estava pior do que nunca, estava mais magra, muito mais magra, os cabelos negros agora eram grisalhos, quase que totalmente brancos e a pele, como de um fantasma!
Núbia aproximou-se e acariciou de leve o rosto frio de Ângela.
_ Ela está horrível! _ exclamou Cissa sem pensar.
Curupira o fitou com seus olhos felinos.
_ O que podemos fazer para ela melhorar? _ Disse Núbia preocupada.
_ Só tem uma forma e... não é nada boa _ respondeu Curupira.
_ O quê?
Curupira observou Ângela como se quisesse se certificar se realmente ela estava desacordada.
_ O que Cuca fez com ela, além de sugar todas as forças e a juventude, também lhe trouxe de volta a maldição, e mesmo que isso seja ruim, também é a única solução. A única forma de Ângela voltar a ficar bem é...
_ Devorar cadáveres de crianças _ supôs Núbia fazendo cara feia.
Curupira assentiu.
_ Ela não vai gostar nada disso _ disse Cissa.
_ Ela irá odiar, irá me odiar por deixa-la se transformar, mas... não posso deixa-la morrer _ disse Curupira visivelmente abalado, algo raro.
Ele tentava ao máximo não demonstrar sentimentos, era imprevisível e nada gentil, mas era gente boa, e principalmente, totalmente fiel ao imenso carinho que sentia por Ângela.
_ Iremos cuidar para que ela não faça nada de mal enquanto estiver como Mula Sem Cabeça _ disse Núbia.
Curupira assentiu, mas não tirou os olhos de Ângela.
_ Não há como contar para ela, ela não vai aceitar, mas é a única forma. Ela precisa se fortalecer, precisa.
_ E depois? O que faremos? _ disse Cissa.
Curupira deu de ombros.
_ Quem sabe ela nos odeie para sempre.
Núbia e Cissa abaixaram o olhar de forma triste. Curupira acariciou de leve os cabelos de Ângela e suspirou.
...
Algumas horas se passaram. Ângela acordou com Núbia sentada em um tronco de madeira ao lado de sua rede.
_ Núbia? _ disse Ângela em um murmúrio.
Seus olhos grandes e castanhos estavam cansados e quase sem brilho.
_ Oi Ângela, eu vim ajudar Curupira a cuidar de você.
Ângela expressou um sorrisinho de canto.
_ Curupira... ele me salvou de novo. Sempre salva. Salva sim _ Disse ela no seu jeitinho costumeiramente estranho e medonho.
Núbia assentiu.
Ângela pegou nos próprios cabelos e entristeceu.
_ Estou velha, estou... horrível, mais do que o comum.
_ Você nunca esteve horrível _ disse Curupira entrando no quarto. _ Xá po-porã.
Núbia lembrava-se bem daquele apelido que Curupira deu a Ângela, Xá po-porã, uma frase tupi que provavelmente, Angela ainda não sabia o significado.
Ângela sorriu não muito convencida. Curupira perguntou:
_ Sente-se melhor, xá po-porã?
Ângela assentiu.
_ Um pouco, mas ainda tenho dor, muita dor, mas não tanta dor como antes, e tenho frio, muito frio, mas não tanto como antes, e fraqueza, como antes _ disse Ângela.
Curupira assentiu.
Núbia pegou a mão de Ângela.
_ Mas logo você ficará bem, querida, não se preocupe _ disse ela.
Ângela deu de ombros.
Núbia e Curupira trocaram olhares, eles realmente estavam perdidos com tudo aquilo. Logo Cissa entrou para quebrar o clima.
_ Ângela Sem Cabeça, acordou!
Curupira o fuzilou com os olhos, já Ângela deixou escapar uma leve risada.
_ Oi Cissa. Por que insiste em me lembrar da antiga maldição? _ disse ela brincando, mas que fez os outros três sentirem o coração apertado. (difícil dever, né)
_ Hehe _ ela olhou todos com um sorrisinho. _ Eu disse para a Cuca que vocês se importavam comigo, mas ela disse que eu estava sendo burra, burra por proteger vocês, mas eu disse que vocês são meus amigos, e eu quis proteger meus amigos _ ela então entristeceu _ e ela não gostou disso. _ logo voltou sorrir. _ Mas aqui estão vocês! Meus amigos. Falta só a Lia.
Curupira resmungou.
_ Espero que continue faltando. E a Cuca, ela não tem ideia do que fez _ disse ele fechando os punhos.
Os enfeites do quarto, as penas amarradas  no teto, começaram a balançar, e a terra no chão começou a perambular pelo quarto.
_ Curupira, não vai fazer uma tempestade aqui dentro, né? _ disse Cissa.
Curupira respirou fundo e tudo parou.
_ Foi impulso _ disse ele.
_ Entendo _ murmurou Cissa.
Ângela bocejou.
_ Estou cansada, ainda.
Curupira sorriu de canto, mostrando seus assustadores dentes.
_Durma Xá po-porã. Ficaremos aqui para cuidar de você.
Ângela sorriu e se acomodou na rede.


Ângela é uma fofa, né? E ainda sim eu só ferro ela na história, sou má, credo. kk.
Beijos e até.

2 comentários:

  1. Eeeeee!!!Praticamente um capítulo só da Ângela <3 (pra tirar os atrasados, he he)
    Ta bom entendi, sabia que o Curupira tinha cuidado dela!!!Eles fazem um casal muito fofo...ooowwwnnn

    By:Fabi

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    Respostas
    1. kk. sim.
      É claro, Curupira é um herói, e concordo sobre eles serem um casal fofo. <3
      Até.

      Excluir

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