Curiosidade Literária: Já ouviram falar de Lygia Fagundes Telles? Ela é uma contista brasileira, atualmente a melhor das escritoras em nosso país, e a unica mulher na Academia Brasileira de Letras. Seu estilo são contos (textos em prosa) com um toque macabro e de suspense absoluto. Por ser eu, uma grande fã desta, mostro-lhes agora um conto escrito por mim, no estilo Lygia Fagundes. Espero que gostem. Jú.
Sempre odiei gatos, mas naquele
dia chuvoso, as coisas mudaram.
Caminhava por uma rua de
comercio, e resolvi sentar-me num degrau de frente a uma loja fechada, para
esperar a chuva passar. Foi quando aquele bicho apareceu. De olhos amarelos e
malignos, pelos sedosos e negros, com um corpo magricela de dar dó. O gato
parou á minha frente e fiou me fitando. A chuva caia sobre seu pelo, mas ele
não parecia se importar.
_ Sai daí bicho _ falei abanando
as mãos. _ Não tem medo de água, não?
Obviamente o gato não respondeu,
só andou alguns passos à frente, ficando mais próximo de mim e distante da
chuva.
_ Arrume outro local para se
esconder bichano _ falei, _ e suma logo daqui.
O gato chiou, mas não parecia
direcionar-se a mim. Olhei para o lado e me deparei com uma aranha gigantesca
descendo de sua teia até meu ombro.
Fiquei sem reação. Aquele bicho
sem dúvida alguma era pior que um gato.
A aranha pousou em meu ombro. Um
calafrio percorreu minha espinha.
Contudo, antes que algo ocorresse o gato deu um pulo certeiro apanhando
a aranha. Ele caiu atrás se mim já com o inseto na boca, que logo foi engolida
por inteira.
Fiz cara feia e disse:
_ Isso é nojento, sabia?
O gato prosseguia me fitando.
_ Mas obrigada _ falei por fim.
Um carro branco e familiar parou
a minha frente; a porta do passageiro se abriu revelando meu irmão no banco do
motorista, fazendo sinal para que eu entrasse.
_ Vim socorrer minha mana _
brincou ele. _ Entre!
Não precisou dizer duas vezes,
em segundos eu estava no carro. Mas antes de fechar a porta observei o gato
preto me olhando fixamente.
_ Se não se importar _ disse eu
ao meu irmão, _ levarei mais um passageiro.
Ele seguiu meu olhar e disse
apontando.
_ Aquele magricela? Pensei que
detestasse gatos.
_ Detesto, mas esse conseguiu créditos
comigo. Sem contar que já faz alguns dias que ouço barulhos estranhos no
telhado. Acho que são ratos, e gatos caçam ratos, certo?
Meu irmão assentiu.
_ É, que eu saiba, caçam.
_ Então quem sabe ele seja útil
_ conclui.
Surpreendendo a mim mesma, peguei
o bichano e o levei em meu colo. Nunca tinha tocado em um gato antes, mas o
pelo daquele era macio, e a forma como este se aconchegou em meu colo, com um
ronrono continuo, conseguiu arrancar-me um sorriso.
O tempo passou, e o gato que
nomeei de Estranho passou a ser meu companheiro, quando eu não estava no
trabalho estava com ele. Assistíamos TV, ele ouvia meu desabafo, provavelmente
entediado, mas ouvia, e depois de um tempo, cheguei a deixa-lo dormir junto a
mim.
Mas o nome estranho não era por
pouco. Aquele gato não parava de me fitar com seus olhos demoníacos, parecia
querer invadir minha alma ou algo assim.
Certo dia, quando saia para o trabalho,
abri o portão e Estranho passou dentre minhas pernas, ficou na calçada, me olhando.
_ Volte já para casa Estranho _
ordenei , o que foi em vão, já que obedecer não é do feitio de um gato.
_ Por favor, entre, você não
pode ficar aí na calçada.
O gato não moveu um músculo
sequer e eu suspirei dando-me como vencida.
_ Está bem, então. Não quer
entrar não entre.
Comecei a caminhar rumo ao
trabalho, e ele me seguiu.
_ Volte Estranho! _ exclamei.
Um homem, conhecido meu, que
passava pela calçada, viu a cena e sorriu.
_ Não se preocupe_ disse o
homem. _ Gato é um bicho esperto, quando sentir vontade, ele volta para casa.
Assenti ainda aflita,
e voltei á caminhada tentando ignorar a companhia de Estranho. Ainda sim estava
distraída, ou preocupada de mais com meu bichano e ao atravessar a rua não
notei
o carro que vinha em alta velocidade.
Eu teria sido atropelada se
Estranho não tivesse se colocado á alguns metros á frente de mim.
- Não _ berrei, mas já era
tarde.
O carro desviou a tempo de não
chocar-se contra mim, mas meu gato não tivera tanta sorte.
Foi por ter atropelado Estranho,
que o carro perdeu o rumo. Meu gato me salvara e agora estava morto e
deformado, atirado no asfalto repleto de sangue.
Depois de um dia horrível de
trabalho, voltei para casa e desabei em lagrimas ao perceber que nunca mais
seria recebida por meu bichano.
Assisti TV sozinha e fui dormir
com uma sensação de vazio inexplicável. Uma saldada dolorosa daquele olhar
amarelo e medonho.
Naquela noite sonhei com meu
gato, e no sonho ele falava! Porém, com a voz daquele homem que encontrei na
rua antes do acidente.
_ Não se preocupe_ dizia o gato
me fitando. _ Gato é um bicho esperto, quando sentir vontade, ele volta para
casa.
Amei e um pouco parecido com O substituto (meu livro preferido ) tambem estou pensando em fazer uma fanfic do livro
ResponderExcluirAh, que bom que gostou. Nunca li este livro, mas sinto vontade. Sem duvida lerei esta fanfic.
ExcluirBJS Lobinha -_°.
Bjs então leia pq e demais e eu nem li inteiro
ExcluirVou ler. kk.
ExcluirAaaaaaaaff, que fodaa *0*
ResponderExcluirkk. Obrigada. A Mel também está cada dia melhor, viu. BJS
ExcluirValeu ;) bj
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