quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O Caçador de Anjos

Sentado nas cadeiras desconfortáveis de algum bar dos subúrbios de Paris, Lewis fumava um charuto que já estava fora de moda há alguns anos. Próximo ao balcão, indicou o copo vazio que logo fora preenchido com uísque. Puxou o charuto entre os dedos, e um pouco antes do copo encostar em sua boca, sua visão se enturveceu. Não era por conta da bebida, entre tanto. As garrafas sumiram de sua vista, e enxergou minuciosamente os detalhes de um lugar parecido com uma igreja. À viu vazia, e podia até mesmo caminhar naquele devaneio. Manchas de sangue conduziam seus pés para o altar, que a essa altura se escondia sob a escuridão que decidira permanecer ali. Quando subiu a ele, por fim, viu um corpo aparentemente imóvel, iluminado vagamente por duas velas avermelhadas que quase se apagavam, ao redor do corpo. Ele estava coberto pelo mesmo sangue que guiara Lewis até ali. Ele sentiu-se perturbado, e nesse momento ouviu um estranho ruído vindo de cima. Seus olhos se voltaram instintivamente para as janelas coloridas, com imagens diversas de santos, que curiosamente estavam abertas. Viu perfeitamente quando um vulto se jogou para o lado de fora, e pôde ver o reflexo de asas que se projetavam na parede.
Nesse instante um clarão surgiu, e ao voltar em si, se viu de volta naquele mesmo bar. Seu copo de uísque estava no chão, estilhaçado, e seu charuto exalava apenas sua fumaça, que se esvaía sem rumo.

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