A Maldição de Ângela.
Parte 3
No dia seguinte, Núbia encontrou Lia fazendo o café
da amanhã, ou ao menos tentando.
_ Esse é o quarto ovo que eu queimo! _ reclamava
ela. _ Eu disse a Edgar que não sei cozinhar nada, mas ele me obrigou!
_ Quer ajuda? _ perguntou Núbia, e Lia assentiu
sorridente.
Núbia então começou a fritar os ovos enquanto Lia
tentava preparar o café, que sendo feito na cafeteira, devia ser tarefa simples,
porém, nem isso Lia sabia fazer.
_ Ângela ainda está sumida? _ perguntou Núbia.
_ Ângela ainda está sumida? _ perguntou Núbia.
Lia assentiu lamentando.
_ Infelizmente sim. Acho que terei que procura-la
antes do almoço, se não terei que cozinhar outra vez.
Depois do café que Núbia praticamente fez sozinha,
Lia pediu permissão a Edgar para procurar Ângela, e ele recusou, logo no
almoço, a comida servida fora queimada de proposito por Lia, Edgar se irritou,
mas ainda negou em deixar a esposa procurar a cozinheira. Mais tarde, depois de
muita insistência Edgar autorizou que Lia procurasse Ângela, porém com uma
condição:
_ Meu segurança vai com você _ disse o velho.
Lia fez cara feia e disse:
_ Mas aquele capataz maldito não estava de férias?
_ Exatamente, ESTAVA, não está mais _ respondeu
Edgar.
Lia revirou os olhos e bufou.
Edgar então gritou:
_ Messias! _ chamou.
Logo um homem avançou para dentro da casa e parou
ao lado de Edgar.
_ Sim senhor _ disse ele.
Lia se curvou um pouco e cochichou no ouvido de
Núbia:
_ lhe apresento Messias, o cachorrinho de Edgar. Capataz.
Faz tudo que ele manda.
Edgar mandou que Messias ajudasse Lia a procurar Ângela,
e Lia os interrompeu dizendo que levaria Núbia com ela. Núbia não questionou,
até gostou da ideia.
O Capataz Messias era um homem pálido, barbudo e
grande, que se vestia como um cowboy de filmes de faroeste. Ele dirigiu a
picape de Edgar, levando Núbia e Lia até a cidadezinha mais próxima, uma vila
de nome Fim do Mundo (isso não é ironia, a cidade realmente chamava-se Fim do
Mundo).
_ Onde querem ficar _ perguntou o capataz.
_ No cemitério _ pediu Lia. O capataz não pareceu
gostar muita da ideia, mas não discutiu. Já Núbia achou empolgante, também não
batia muito bem.
Os três caminharam pelo cemitério por um bom tempo,
calados, até Lia se prenunciar.
_ Eu sei que você sabe _ disse ela olhando para
Núbia com seus olhos verdes e charmosos.
_ Sei o que? _ perguntou Núbia.
_ O que Ângela é. Só me pergunto se você achou a
resposta sozinha, ou se alguém lhe contou. Também me pergunto como pode ficar
tão tranquila sabendo de tudo isso.
_ Já conclui que devo me acostumar com essas loucuras,
ou quem fica louca sou eu.
Lia sorriu.
_ Boa conclusão _ disse ela.
Foi quando encontraram um dos túmulos, quebrado. Lia
analisou o caixão ali dentro, era muito pequeno, estava aberto, mas parecia
recente. Núbia viu caído do lado do tumulo uma fotografia, ela a apanhou e
observou a foto ali presente. Era de uma criança de no máximo cinco anos com
cabelo em duas tranças, e uma roupa cor-de-rosa repleta de babado. Um arrepio
percorreu o corpo de Núbia.
_ Lia, você acha que Ângela... Devorou essa
menininha.
_ Ao menos o que sobrava dela _ disse Lia, natural
de mais para tal situação.
O capataz só observava de braços cruzados.
_ Achem logo essa mulher, tenho mais o que fazer no
sítio _ reclamou ele.
Lia rosnou, mas não disse nada. Foi quando alguém
passou correndo dentre os túmulos. Messias farejou o ar.
_ É ela _ concluiu.
Núbia não compreendeu
porquê de tanta certeza, mas largou a fotografia e correu junto a Lia atrás de Ângela.
Ângela corria logo à frente, sumia a aprecia do
nada, correndo de um lado para o outro.
_ Ela está brincando conosco _ murmurou Lia. _ Ângela!
_ chamou. _ Sou eu sua amiga Lia.
_ Você não é minha amiga! _ gritou Ângela de algum
lugar.
_ Sou sim _ afirmou Lia. _ Ângela, sei que fazia
muito tempo que não se transformava, isso deve ter mexido com sua cabecinha,
mas me ouça! Estou aqui para lhe ajudar.
Ângela surgiu do nada. Suas roupas estavam
rasgadas, seus olhos ardiam em chamas e seus cabelos negros estavam mais espetados
que de costume. Em compensação, ela já não parecia tão magra e abatida, aparentava-se
até mais jovem.
_ Sereia brasileira _ disse ela fitando Lia. _ Se
acha melhor e mais bonita do que todos. Mas eu vou provar que sou melhor que
você, vou acabar com Edgar sozinha e primeiro que você.
_ Sabe que isso é impossível. Ele é muito poderoso.
Se nós juntas não conseguimos nada, imagina sozinhas!
_ Eu vou ficar poderosa! _ disse Ângela esticando o
corpo. _ Nem que eu tenha que devorar todas as crianças dessa vila, desse
estado, ou até mesmo do país! Eu vou ser mais poderosa que Edgar! Muito mais
que você!
Ângela avançou contra Lia e a derrubou colocando
seus braços contra o chão.
_ Ângela me solte! _ ordenou Lia.
Ângela realmente largou os braços de Lia, mas foi
para socar sua cara. Núbia não pode ajudar, gritava para Ângela parar, mas
aquilo não adiantava de nada. O capataz Messias então chegou, ele segurava
pedaço de pau, e com este acertou a costa de Ângela, o que a fez se afastar amedrontada.
_ Demorou hein _ reclamou Lia enquanto se
levantava. Ela colocou a mão no rosto ferido, e quando tirou, não havia mais
hematoma algum. Messias não pareceu surpreso, mas Núbia ficou boquiaberta.
Ângela chiava e se contorcia em um canto enquanto Messias
a ameaçava com a tabua.
_ Eu só quero ser livre _ disse Ângela já não tão
ameaçadora, e sim tristonha, amedrontada.
Lia tentou se aproximar.
_ Todos nós queremos, minha querida.
Quando Lia iria tocar em Ângela, esta ultima a
empurrou para o capataz, e rapidamente pegou o braço de Núbia e saiu em
disparada arrastando a garota.
_ Núbia! _ exclamou Lia, ela tentou ir atrás, mas Messias
segurou seu braço.
Logo Núbia não via mais os dois, Ângela estava
muito rápida e forte, Núbia não conseguia se soltar nem ver para onde ia.
É, realmente ninguém naquele sítio é normal, só nessa parte deu para ver que todos tem um... dom especial, rss. O que acharam? ;)
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