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A Maldição de Ângela.
(para quem ainda não se tocou que Núbia é gótica, da uma olhada na roupa dela nesse desenho, não dá para ver muito bem por causa dos efeitos, se quiserem o desenho original é só pedir.)
Parte 5 (ultima)
_ O que faremos agora? _ disse Núbia ofegante
enquanto corria para fora do cemitério.
_ Igreja _ disse Cissa apertando mais a mão de
Núbia, como se essa palavra lhe deixasse nervoso. _ Temos que ir á uma igreja.
Ao entrarem na vila, correram ruas e esquinas
procurando uma igreja. Núbia pensou no como aquela vila era diferente da grande
São Paulo, onde vivia. Não era movimentada, e podia-se correr que nem louco, se
ser atropelado, ao menos as chances eram menores.
Logo ambos chegaram a uma praça matriz e lá estava
a bela e branca Igreja.
Os dois olharam para cima. Já escurecia.
_ Ela vai se transformar _ disse Cissa sem expressão
_ por completo e mais poderosa.
_ Então vamos logo!
Núbia puxou Cissa para dentro da igreja, mas ele
resistiu.
_ Eu não sou bem vindo aí _ disse ele. _ Entra
você e fique aí que a Ângela sem cabeça não vai te pegar.
_ Como assim não é bem vindo? Está louco! Você tem
que entrar também, se não ela te mata!
Cissa negou com cabeça, parecia nervoso. Núbia usou
toda sua força para leva-lo com ela e conseguiu coloca-lo para dentro. Cissa
olhou para o chão e o teto, e sorriu surpreso.
_ Eu... Eu consegui entrar!
_ Por que
não conseguiria? _ perguntou Núbia.
_ Por nada, vamos logo procurar uma cruz, isso
espanta a Mula.
_ Está bem.
Cissa voltou a pegar a mão de Núbia (pelo jeito
ele gostou disso) e juntos foram até o altar na igreja, ao lado havia uma
porta branca.
_Será que padre está lá? _ perguntou Núbia.
_ Esperamos que não, por que é para lá que vamos.
Os dois praticamente invadiram o local, que por
sorte estava vazio, havia algumas batinas dobradas sobre uma mesinha, junto a
taças e objetos costumeiros numa igreja católica.
Cissa e Núbia procuraram pela tal cruz bagunçando o
local.
_ Achei! _ disse Cissa.
Núbia foi até ele. A cruz estava no meio das
batinas dobradas. Ao tocar em tal Cissa exclamou:
_ Ai!
_ Tudo bem? _ perguntou Núbia preocupada.
_ Sim, sim tudo. Só... Poderia segurar a cruz para
mim.
Núbia não quis questionar, ou quis e resolveu não
ser a melhor opção, assim simplesmente segurou a cruz.
Logo o som de galopadas rodeou a igreja.
_ Ela não pode entrar? _ perguntou Núbia esperançosa.
_ Até pode, mas isso a enfraquece.
Os galopes ficaram mais pesados. Cissa e Núbia
saíram cautelosos da sala onde estavam e ficaram no altar. Logo a
Mula-Sem-Cabeça parou na entrada, batente uma das patas dianteiras no chão, e
com sua cabeça em chamas. Ela deu alguns passos a frente, mas depois se
afastou. Núbia apontou a Cruz e a criatura ficou aflita.
_ Não podemos ficar aqui presos a noite toda _
disse Núbia.
Cissa soava muito, mas não parecia ser de medo, ao
menos não da Mula. Ele olhava o teto decorado com gravuras de cristo, e anjos,
e aquilo parecia lhe deixar nervoso.
_ Sem duvida não podemos ficar aqui _ concordou
ele. _ Vamos mata-la?
_ Não! A criatura pode ser má, mas Ângela não, ela
não está controlando o próprio corpo, a própria forma!
_ Tem uma ideia melhor então?
_ Não teria como faze-la dormir? Ao menos até o sol
surgir outra vez.
Cissa ficou pensativo.
_ Quebre a cruz _ disse Cissa. _ Lasque ela, deixe-a
afiada, temos que furar a Ângela-sem-cabeça com a madeira da cruz, de forma que
não a mate, mas tire-lhe o sangue.
Núbia não entendia nada dessas criaturas, mas Cissa
parecia especialista por isso não discutiu com a ideia. Não teve outra escolha
a não ser quebrar aquela cruz o suficiente até surgir um lado afiado.
_ Tomara que isso não seja pecado _ disse Núbia
batendo a cruz contra o chão.
_ Nada feito para o bem é pecado, eu acho _ disse Cissa.
Infelizmente Núbia não tinha força o suficiente,
então, com certo lamento Cissa pegou a cruz e quebrou ele mesmo. Porém, a Mula,
que não era tão Mula assim, aproveitou-se do distraio dos jovens e entrou na
igreja, no início suas pernas tremeram, mas mesmo com dificuldade, ela avançou
aos jovens. Na hora exata Cissa conseguiu fazer uma lasca afiada de madeira.
Ele tentou ameaça-la, mas ela relinchou (por onde não se sabe) e suas chamas aumentaram
quase queimando Cissa. Nisto os dois jovens correram em volta do conjunto de
bancos da igreja. Cissa era ágil o suficiente para fugir da criatura, Núbia
não.
_ Núbia volte para salinha do padre, eu a distraio.
_ Não! _ disse Núbia, mas era tarde. Cissa pulou
por cima dos bancos, chamando atenção da mula com ofensas e gracinhas. Logo a Mula
foi mais rápida e pulou em cima de Cissa quebrando muitos bancos. Cissa estava
encurralado, mas por um feliz instante Núbia e Cissa sentiram que suas mentes estavam
conectadas e assim tiveram a mesma ideia. Cissa rapidamente jogou a estaca e Núbia
que já corria em sua direção a pegou no ar e quando se aproximou, com as duas
mãos e toda a força passou a estaca improvisada na pele grossa da Mula. A mula
gemeu, de forma estranha e assustadora. Inicialmente pareceu que todo o esforço
fora em vão, mas logo o ferimento começou a sangrar. A mula cambaleou, Cissa se
levantou rapidamente e afastou-se desta. Depois de muitos gemidos e berros, a
mula caiu no chão, e suas chamas ficaram mais fracas.
Cissa olhou Núbia por alguns segundos depois
sorriu.
_ Obrigado menina, você não é fraca, não.
Núbia riu, estava aliviada, sentiu vontade de
abraçar Cissa, mas se conteve, simplesmente disse.
_ Por nada.
Repentinamente a Mula-sem-cabeça ardeu por completa
em chamas. Cissa e Núbia arregalaram os olhos, mas quando as chamas cessaram,
deram lugar a uma mulher franzina deitada e encolhida no chão.
_ Ângela! _ disse Núbia.
A mulher tremia, mas ao menos estava viva. Cissa
correu para a salinha do padre na igreja, para procurar um cobertor ou algo
assim, pois Ângela estava praticamente nua, com somente alguns trapos que
cobriam seu corpo.
Já agasalhada, Ângela se sentou em um dos poucos
bancos que sobraram e ficou em sua costumeira postura amedrontada.
_ Está bem? _ perguntou Núbia.
_ Já estive pior _ disse Ângela em um sussurro.
Núbia olhou para fora e estava tudo escuro, ainda
era noite. Não conseguia intender o que tinha acontecido. Ângela já não estava
com os olhos em chama e nem parecia o tipo devoradora de crianças cadáver, mas
como?
_ Como voltou ao normal? Está noite ainda. Isso é
possível?
Ângela, a própria Mula-sem-cabeça, deu de ombros,
já Cissa:
_ Eu não achei que fosse possível, pois, sabe, há
muitas versões de várias criaturas, e nunca dá para saber qual é real, mas...
Uma vez me falaram que se tirarmos sangue da Mula-sem-cabeça, já transformada,
se quebra a maldição. Eu nunca acreditei muito nisso, mas pelo jeito...
Os olhos de Ângela brilharam.
_ Vocês... Quebraram minha maldição? Quebraram para
sempre, sempre, sempre?
_ Acho que sim _ disse Núbia.
Surpreendentemente, Ângela sorriu, um sorriso
verdadeiro, sincero. Pela primeira vez ela realmente estava feliz, alegre e viva.
Não disse nada, e nem precisou, a felicidade e agradecimento de Ângela estavam
na cara.
_ Agora vamos sair daqui antes que o padre chegue _
disse Cissa.
Núbia olhou em volta, eles realmente destruíram a
igreja.
_ É, acho melhor _ disse ela.
Ângela assentiu concordando e ainda sorridente.
E assim, ao menos aquela noite foi encerrada.
Comentem o que acharam! Semana que vem postarei o terceiro ep da série, que terá o Boto de uma forma bem mais má do que de costume, a volta do Curupira, e a maior parte da historia se voltará mais para Cissa pois Núbia estará... bem, vocês iram descobrir isso semana que vem. BJS e até a próxima.
muito legal mas o corpo seco vai parecer ou nao
ResponderExcluirOBG. Vai, não sei quando já que ele não estava no meu esquema, mas vou tentar encaixa-lo.
ExcluirTá legal:), confesso que fiquei um pouco angústiada com as crianças mortas no cemiterio, mas to gostando. Continue, tá ótimo
ResponderExcluirBjs
Obg, A ideia da criança era essa, dar aflição e angustia no leitor (consegui! ehh), kk, mas pode deixar que o próximo episódio vai ser mais calmo, viu.
ExcluirQ bom que está gostando, BJS.