sábado, 20 de dezembro de 2014

Folclore Oculto: 1º Episódio, Última Parte.

Olá leitores. Se perderam a ultima parte, CLIQUE AQUI para compreender o post atual. Se não, desfrutem a ultima parte do primeiro Ep.

O Curupira franziu os olhos.
_ Você? _ disse ele curvando a cabeça.
_ Eu! _ disse Cissa abrindo os braços.
O Curupira rosnou.
_ Não tenho tempo para suas brincadeiras bobas, demônio, eu quero somente essa menina aí_ disse ele apontando para Núbia.
_ Então, esse que é o problema. Você quer algo tão vago, né. Tanto incêndio ocorrendo pelas matas, animais morrendo em caças, e você vem até o sul do país, só por causa dela?
Núbia não gostou da forma como Cissa falava, como se ela não fosse nada, mas ao menos aquilo parecia estar dando certo e o Curupira ficou pensativo.
_ Você sabe quem ela é? Não sabe? _ disse.
_ Até sei. Ela é neta do dono do casarão.
_ Exato!
Os dois se fitaram por um bom tempo, esperando que alguém falasse algo.
_ Então _ disse Cissa, _ Ser neta do dono casarão não é ser o dono do casarão. Se você tem problemas com ele, resolve com ele. Deixa a menina em paz.
O Curupira levantou uma sobrancelha e deu uma longa gargalhada.
_ Eu posso até deixa-la em paz, mas já estão todos sabendo da descendente do mal. Todos tiveram a vida perturbada por ele e agora vão ver na garota uma forma de vingança.
Núbia estava totalmente perdida naquela conversa.
_ O Mal seria Edgar? _ perguntou tentando encaixar as peças. Cissa e Curupira voltaram-se a ela. _ Quer dizer... Você diz que sou descendente do mal, esse mal seria Edgar?
O Curupira assentiu.
_ Por que ele é o mal? _ perguntou a menina.
_ Por que ele é o mal? _ repetiu Curupira serrando os dentes.
Cissa balançou a cabeça como se dissesse: Não faça isso.
_ É uma longa história menina _ disse Cissa. _ Mas então Curupira _ ele estendeu o braço, _ vamos fazer um trato, você precisa confiar em mim e na menina.
_ Na menina?
_ Sim, você já deve ter percebido que ela não tem laço algum com Edgar. Então deixe-a. Está totalmente perdida, tadinha.
O Curupira estreitou os olhos, desconfiado. Cissa então começou a murmurar em uma língua que Núbia não fazia ideia qual era, mas Curupira pareceu compreender bem. Ele sorriu e os encarou.
_ Cinco dias, somente cinco dias _ disse ele e Cissa assentiu. Logo a criatura de pés virados sumira como um raio dentre a mata.
_ O que disse a ele? _ perguntou Núbia _ e que língua era aquela?
_ Falei o que ele precisava ouvir, e numa língua indígena de tribos da região em que o Curupira morava. Longa história. Agora vamos, antes que alguém no casarão sinta sua falta.
_ Acho difícil _ lamentou Núbia.
Cissa voltou a caminhar pela mata e Núbia fora logo atrás.
_ Por que fez isso? _ perguntou Núbia. _ Por que me ajudou?
_ Como faz perguntas _ murmurou Cissa a si mesmo. _ Eu fiz isso por que eu podia fazer. Notei o que estava ocorrendo, e sabia como resolver o problema, então por que não? Você não me parece uma má menina, não é como seu tataravô.
Núbia franziu os olhos. Não se lembrava de ter dito a Cissa que Edgar era seu tataravô, e sim avô.
_ O que meu... O que Edgar fez de tão ruim?
Cissa deu de ombros.
_ Para irritar o Curupira ele pode ter caçado animais por diversão ou algo assim. Já para irritar todas as criaturas sobrenaturais do Brasil, acho que ele conseguiu uma fonte de poder que não lhe pertencia e a usou muito, muito mal.
Eles saíram do bosque e agora já estavam caminhando pelo jardim, do casarão.
_ Isso tudo está me fazendo ter nós no celebro _ protestou Núbia.
Cissa riu.
_ Com o tempo você se acostuma, e descobre tudo o que deve.
_ Tomara _ disse Núbia.
Os dois se aproximaram da baia. Núbia encostou no portão de madeira do local. Estava atordoada, nada fazia sentido. Ela viu mesmo o Curupira? Seu tataravô era um feiticeiro ou algo assim? E quem era aquele garoto que lhe ajudara, mas escondia tanto.
_ Obrigada Cissa _ disse por fim. _ Muito Obrigada.
Cissa assentiu.
_ Quando precisar de um amigo ou coisa assim, pode contar comigo, menina.
Núbia sorriu.
_ É só me dar algo em troca _ prosseguiu Cissa com seu sorriso sapeca.
_ O que?
Cissa se aproximou de Núbia, o que lhe deu um friozinho na barriga.
_ Comida _ disse ele por fim.
_ Sério? _ disse Núbia incrédula.
_ Claro! Há algo melhor do que comida? Sabe, no casarão deve ter umas coisas muito gostosas. Se você trazer para mim todo dia algo bom, eu viro seu amigo e te salvo de qualquer outra criatura que lhe perseguir.
_ Nossa, você está negociando sua amizade? Por comida?
_ O mundo é dos espertos, gracinha. De acordo?
Núbia riu, mas não pode dizer não.
_ Sim, de acordo. Mas tem que me falar mais sobre você.
_ Por comida eu te digo até quem eu já matei _ disse Cissa aproximando seu rosto do dela.
_ Está brincando, né.
_ Claro! _ disse ele não muito convincente.
Núbia se esquivou afastando-se do rapaz.
_ Te vejo mais tarde então, Cissa _ disse ela acenando. _ E te trago alguma guloseima, prometo.
Cissa assentiu sorridente e Núbia se foi. Ela olhou para trás alguns segundos depois, mas o garoto já não estava mais lá, então se perguntou como encontraria aquele misterioso rapaz todo dia, se ele tinha esse feitio de sumir, contudo, o que realmente interessava é ao menos agora ela tinha um amigo, ou algo parecido.


Comentem o que acharam! Esse primeiro episódio foi só uma apresentação, já no segundo sentiremos o gostinho do terror e da aventura. Direi algumas palavras chaves do segundo episódio, só para terem uma ideia: Cemitério, Mula-Sem-Cabeça, Maldições, Envenenamentos, Revelações...
Então até a próxima. BJS

6 comentários:

  1. posso te fazer uma pergunta se você fisese um livro qual seria a descrição que você colocaria no final do livro sobre você

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Daí vc me pegou, RS. Nos meus livros eu costumo ser anonima então não faço descrições. Mas... pode ser: Escritora dedicada a ficção, e historia surreais, que fugam da realidade sem distorce-la.

      Excluir
    2. É, tipo, eu assino meus livros oficiais (os bons mesmo) por outros nomes, então... Você pode já ter lido um livro meu sem saber (hahaha-hah, sou má, brincs).kk
      BJSS

      Excluir
    3. você ja fez um livro de verdade não entendi

      Excluir

No Crystal Land, os comentários são permitidos a qualquer um, não é necessário senha sequer outro meio que dificulte a publicação de um comentário aqui, é somente escrever, mandar, e esperar que os autores publiquem o comentário e responda; resumindo: o trabalho fica todo conosco, mas a opinião é de vocês. ;)
Leitor, comente o que achou sobre o texto! É importante ao autor e a melhoria do blog.