quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Folclore Oculto: 2º episódio, P/2

Olá leitores. Demorei mas voltei. Não leu a primeira parte CLIQUE AQUI. Leu e quer continuar, está no post certo (imaginem eu falando isso com voz de garota propaganda, kk, terrível). Vamo que Vamo.

A Maldição de Ângela



Parte 2

Na cozinha, Ângela jogava todas as panelas e talheres do armário e gritava em fúria. Atrás dela, Lia se esquivava dos objetos voadores identificados, tentando apaziguar a situação.
_ Calma Ângela! Já disse que desse jeito é que você não vai achar.
_ Estava aqui! _ berrava Ângela batendo no fundo do armário. _ Sempre está aqui!
_ Com essa gritaria a única coisa que vai conseguir é irritar Edgar! Sua louca!
Aquilo pareceu assustar Ângela, ela então se sentou no chão e ficou encolhida, agarrada as próprias pernas.
_ Pronto _ disse Lia irritada. _ Agora vai entrar em modo depressão.
_ O que aconteceu_ perguntou Núbia.
Lia se voltou a ela.
_ Ângela perdeu os remédios dela.
_ Esses remédios eram muito importantes?
_ Bem, a única coisa que posso lhe dizer, é que sem eles, o melhor que todos nós fazemos, é dormir de portas e janelas trancadas.
Núbia não entendeu o que ela queria dizer, mas Ângela desabou em lágrimas ao ouvir isso.
_ Não! _ dizia ela. _ Eu não quero aquilo de novo, não quero.
Lia revirou os olhos.
_ Pare de drama, Ângela! Eu vou tentar a ajuda de Edgar.
Ela então subiu, falar com o marido.
Núbia se agachou para tentar falar com Ângela.
_ Ângela, posso ajudar em algo?
A cozinheira não a olhou, somente negou com a cabeça.

De tarde, Cissa convidou Núbia para ver uma cachoeira e como se ela dissesse não, ele a levaria de qualquer forma, resolveu então acompanha-lo por espontânea vontade.
A cachoeira era linda, caindo sobre um lago azul e límpido. Núbia ficou encantada e Cissa pareceu adorar isso. Eles se sentaram a beira do rio e Cissa perguntou o porquê da gritaria mais cedo,  Núbia lhe respondeu contando tudo que ouvira no casarão.
_ Ah não _ disse Cissa balançando a cabeça. _ Lascou-se.
_ O que? _ perguntou Núbia.
_ Se esses tais remédios forem os que eu estou pensando, todos nesse sítio e na redondeza dele, corre risco de vida!
Núbia levantou uma sobrancelha.
_ Do que está falando?
Cissa revirou os olhos.
_ Menina, o que você tem de bonita você tem de lerda. _ disse ele. Núbia o fuzilou com os olhos. _ Desculpa, é mais forte do que eu _ disse ele tentando acalma-la. _ Mas então, para pra pensar: Hoje é quinta feira; Lia falou para você dormir de porta trancada, e a própria Ângela já da as pistas. Aquele jeito franzino, amedrontado, são característica de quem já sofreu ou já fez muita gente sofrer, alguém amaldiçoado, entende?
Núbia estava perdida e ficou o fitando sem expressão. Cissa balançou a cabeça.
_ Está bem, serei mais claro. Ângela é a mula-sem-cabeça, menina.
_ Que? _ exclamou ela.
_ É isso aí _ disse Cissa. _ O remédio que ela tanto fala, é o que a impede de se transformar, mas alguém muito sacana deve ter roubado dela, só para ver o circo pegar fogo.
Núbia estreitou os olhos, pensativa.
_ Foi Edgar, sem dúvida foi ele. O Velho descobriu que Ângela e Lia estão tentando envenena-lo, e resolveu se vingar.
Cissa levantou as sobrancelhas surpreso, depois sorriu.
_ Olha, você até que não é tão burra. É, isso faz todo sentido.
Cissa então começou a contar mais sobre a mula-sem-cabeça.
_ Ângela é a ultima descendente da primeira mula-sem-cabeça. Toda mulher da família se transforma pela primeira vez quando completa 18 anos. Eu me lembro... quer dizer... Me contaram, que antes, Ângela era uma moça lindíssima, muito linda mesmo, e que o tempo se passava e ela prosseguia jovem e bela, até que o povo da vila onde ela morava começaram a desconfiar dessa juventude prolongada. Já fazia anos que a vila era assombrada todas as noites de quinta-feira pela mula-sem-cabeça, e agora eles não tinham duvida que a criatura era Ângela.
_ Por quê? _ perguntou Núbia. _ A mula-sem-cabeça não envelhece?
_ Quase isso _ respondeu Cissa. _ É a maldição: A forma humana da criatura prosseguirá jovem, se, a forma monstruosa comer criancinhas! _ disse Cisa tentando assustar Núbia, o que não deu muito certo.
_ Como ela vai comer se não tem cabeça? _ disse Núbia.
Cissa abaixou o olhar pensativo.
_ É, agora você me pegou. Não Faço ideia. Mas que ela come, come.
_ E deixa eu adivinhar, a Ângela não quis mais comer criancinhas e ficou daquele jeito. Abatida.
_ Isso mesmo _ disse Cissa. _ Pelo que sei, Edgar prometeu a cura para Ângela se ela o obedecesse, e assim foi.
_ E agora que Ângela está tentando ser livre _ completou Núbia _, Edgar descumpriu a promessa, e lhe tirou a cura.
_ Exato! Menina, você está começando a me encantar _ disse Cissa.
Núbia riu. Cissa então olhou para o céu e entortou os lábios.
_ Já está entardecendo _ disse ele. _ Melhor voltarmos cada um para sua casa.
Núbia assentiu concordando.

O jantar não foi servido naquela noite, pois segundo Lia, a cozinheira simplesmente “sumiu”. Edgar desceu até a sala para questionar Lia sobre o jantar que não lhe fora levado até quarto.
_ Não posso fazer nada _ disse Lia. _ A culpa do sumiço da nossa cozinheira é sua.
Edgar rosnou, mas depois levantou a cabeça se superiorizando.
_ Ela foi só a primeira, mas não é a única que merece um castigo _ disse ele ameaçador.
Lia contraiu os ombros e abaixou o olhar como se só então notasse o quanto estava encrencada. Edgar abriu um sorriso seco e subiu para seu quarto.
_ Sinto muito _ disse Núbia tentando aliviar a tensão.
Lia abriu um leve sorriso.
_ Que menina doce é você, Núbia. Como pode ter o sangue de Edgar?
Núbia deu de ombros e Lia riu.
_ Suba garotinha _ pediu Lia abanando as mãos, _ e tranque bem a porta e as janelas. 
Núbia não questionou e fez o que lhe foi pedido. A garota estava começando a simpatizar com Lia.
Naquela noite Núbia acordou de madrugada com um barulho de cavalgadas bruscas no jardim. Ela foi até a janela, mas não a abriu. Pelo vidro embasado, conseguiu ver um borrão marrão em chamas correndo pelo jardim, fazendo voltas pela casa, como se procurasse alguma forma de entrar.

Depois de muitas voltas a provável mula-sem-cabeça pareceu desistir da ideia de invadir a casa, e avançou dentre a mata.

Comentem o que acharam que logo posto a 3º parte. BJS

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Q bom. Em algumas versões (ocultas) sim, e como Folclore Oculto é para mostrar o lado mau do Folclore, eu peguei essa pior versão, RS. BJJS

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