sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Folclore Oculto: 2º Episódio P/4

Olá leitores. CLIQUE AQUI se não leu a ultima parte, e desfrutem da 4º agora. ;)

A maldição de Ângela

Parte 4

Ângela entrou em uma capelinha em ruínas que havia no cemitério e desceu as escadas em caracol até a catacumba, com gavetas empilhadas, quatro de cada lado, caixões de uma família inteira. Núbia foi jogada para aquele cubículo, Ângela entrou logo depois, fechou a portinha de madeira que separava os locais dos caixões do altar da capelinha.
_ O que fará comigo? _ perguntou Núbia amedrontada.
_ Ainda não sei _ admitiu Ângela. _ Mas sei o que farei com esses gêmeos _ disse ela olhando para duas gavetas ao lado. Ela as abriu, depois fez o mesmo com os pequenos caixões que ali haviam. O terrível odor de carniça percorreu o local e Núbia teve que segurar o vomito. Logo Ângela tirou do caixão um bracinho pequeno, de criança, que já estava se decompondo e começou a devora-lo. Dessa vez Núbia não teve como segurar, e vomitou, o que piorou ainda mais o fedor do lugar. (sim, a palavra fedor existe)
_ Ângela, você não é assim, para com isso _ implorou Núbia. Mas a cozinheira a ignorou e voltou a procurar o que restara da criança no caixão.
_Ah, pouca carne _ reclamou Ângela e fechou o caixão. Logo abriu o outro e sorriu satisfeito.
_ Esse morreu só um dia depois, mas está bem mais conservado.
_ Eu pensei que você só comesse... crianças, na sua forma mula-sem-cabeça _ disse Núbia tentando distrai-la, pois não queria vê-la devorando outros restos mortais, ainda mais preservados.
_ Devia ser. Mas eu quero poder, muito poder e é assim que conseguirei.
Ângela introduziu a mão no caixão e com certo esforço, arrancou uma perna de lá. Grande parte na carne já estava podre, mas ainda se via um sapatinho branco com lacinho negro que a criança usava. Antes que Ângela devorasse aquilo também, Núbia disse:
_ As pessoas falam muito sobre a mula-sem-cabeça, mas nunca contam sobre como ela surgiu. Você poderia me contar?
Ângela pareceu desconfiada, mas contou-lhe assim mesmo. Pôs a perninha da criança cadáver de volta no cachão e contou a Núbia a origem da mula-sem-cabeça.
_ Há quem diga que mulheres que se casam ou namoram com padres, são amaldiçoadas a se transformar em mula-sem-cabeça, quem sabe essa versão também seja verdadeira, mas a maldição da minha família é diferente, começou com uma muito, muito antiga ancestral. Ela era uma senhora da época colonial brasileira, a mais rica e bela da região, mas como para todos, o tempo passou, e ela sentiu a velhice chegar. Isso a revoltou, ela não queria de forma alguma envelhecer, e sua obsessão pela eterna juventude fora tanta, que ela fez um pacto com o próprio Capeta! Ela comeria criancinhas de vez em quando e isso lhe traria juventude, e assim foi por anos! Mas um dia, esta deu a luz a uma criança, o qual nomeou de Gabriel, e o diabo lhe disse que para renovar o pacto feito, teria ela que se alimentar do próprio filho! E ela se recusou, é claro, e o Capeta não gostou, assim amaldiçoou a mulher a se transformar todas as quintas feiras em uma fera, com corpo de mula, e cabeça em chamas e enquanto ela estivesse nessa forma, não pouparia ninguém e causaria o mal.
_ Isso é horrível _ comentou Núbia.
Ângela assentiu.                                                          
_ E quer saber o que aconteceu quando ela se transformou na criatura?
_ Sinceramente não...
_ Ela devorou o próprio filho!
_ Sério isso? _ disse alguém do outro lado da portinha. Logo tal se quebrou e Cissa pulou para dentro da catacumba. _ A mulher deu todo esse chilique para não matar o filho, e no fim ela matou o filho? _ disse ele incrédulo. _ Nessas horas eu não culpo as pessoas de não gostarem do folclore brasileiro. E do capeta também.
Núbia riu, não só pelo sarcasmo de Cissa, mas pelo simples fato dele estar ali, como sempre, para ajuda-la.
Ângela o fitou, como se o conhecesse, mas não conseguisse lembrar no momento.
_ Quem é você? _ perguntou ela enfim.
_ Eu! _ respondeu ele abrindo os braços, da mesma forma que fez com o Curupira. _ Bem, mas estou sem tempo para apresentações. Se não se importar, vou levar a menina ruiva comigo, tá.
Cisa se aproximava de Núbia, mas Ângela chiou.
_ Muito engraçadinho. Mas a menina é minha! _ disse Ângela.
_ E você a comprou por acaso? _ disse Cissa de braços cruzados. _ E outra, o que você faria com ela? Não tem utilidade nem uma pra você.
_ Posso decora-la viva! Vingarei-me de Edgar e ainda conquistarei mais poder!
_ Edgar não se importa com a menina, então você não vai vingar em nada o cara. E ela não é criança, então novamente, a morte dela será em vão.
Ângela se pôs a pensar.
_ Mas ela é jovem, deve valer algo _ concluiu.
Cissa revirou os olhos
_ Eu acho, em minha humilde opinião, perca de tempo. Se eu fosse você, terminava de devorar essa criancinha e deixava a menina ir embora.
_ Nunca! _ bradou Ângela
_ Que pena _ lamentou Cissa. _ Então vamos para o plano A. _ Tanto Núbia quanto Ângela fizeram expressão interrogativa. _ De Água benta, _ prosseguiu ele com seu sorriso sapeca.

Logo ele tirou da camisa um vidrinho com um liquido que ao tocar a pele de Ângela, a queimou. Enquanto esta se contorcia de dor, Cissa apanhou o braço de Núbia e em seguida ambos fugiram.

Comentem  o que acharam que eu posto a ultima parte hoje mesmo, ao entardecer.
BJS

2 comentários:

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