quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Folclore Oculto: 3º Episódio P/2


Olá Leitores. A segunda parte começa agora, com a volta do Curupira, o Protagonismo de Cissa (em uma parte) e maldades do Boto:

Núbia se virou e visualizou um rapaz alto, de porte atlético, com calça e chapéu branco, porém sem camisa.
_ Eh... oi _ disse ela.
O rapaz sorriu e sentou-se ao lado da garota.
_ Parece triste _ disse o rapaz. _ Uma moça bela como tu, não devias ficar assim.
Núbia conseguiu abrir um sorriso.
_ Digas o que lhe ocorreste _ falou o rapaz.
Núbia achara bela a forma como o garoto falava, ela sequer o conhecia, o chapéu branco lhe cobria quase todo o rosto, ainda sim, a menina sentiu-se a vontade em falar sobre o que tinha ocorrido, a briga com Cissa, as amarguras em seu peito. O rapaz foi bem compreensivo e carinhoso, logo ambos se envolveram uma agradável conversa.
_ Você é incrível _ disse Núbia sem pensar.
O garoto sorriu, e que sorriso lindo tinha este. Logo os rostos se aproximaram e o beijo foi inevitável. Com isso, Núbia sentiu seus sentidos lesarem e suas memórias apagarem, como se tudo houvesse sido sugado pelo nada e agora só existisse ela e aquele rapaz a sua frente. O rapaz pôs a mão no queixo de Núbia.
_ Agora você é minha, descendente de Edgar, toda minha _ disse ele.
...
 Cissa estava sentado no chão da varanda de sua cabana, ele olhava o bosque aflito, esperava realmente que Núbia voltasse arrependida, ou melhor, segura, mas nada. Ele também estava cansado de correr atrás daquela garota teimosa, ser herói nunca foi de seu feitio, e mesmo que agora ele estivesse tentando mudar, ainda era de mais ficar ajudando quem não queria sua ajuda. Logo seus pensamentos foram interrompidos por uma mancha laranja que surgiu em velocidade, e só quando parou ao seu lado mostrou forma.
_ Curupira? _ disse Cissa. _ O que faz aqui? De novo?
_ Já se passaram cinco dias _ disse a criatura o encarando, _ esqueceu-se de nosso trato.
_ Sinceramente, sim, esqueci _ disse ele natural. _ Mas eu juro que resolvo tudo outro dia, hoje já estou com problemas de mais.
Cissa pensou que Curupira já teria seus chiliques, berraria com aquela voz irritante, ou faria aquele assobio ensurdecedor, mas para sua surpresa, o monstrengo ruivo só deu de ombros.
_ É, imagino quais sejam os problemas. Eu disse que os outros viriam, não disse, então, vi o Boto no bosque hoje.
O coração de Cissa acelerou.
_ Então ele realmente está aqui? _ perguntou, e Curupira assentiu com a cabeça. _ Droga! Tenho que ir atrás da menina, agora.
O rapaz se levantou em um pulo e Curupira riu.
_ Se estiver falando da descente do Mal, acho que já é meio tarde, eu não vi ele sozinho. O Boto estava com a menina ruivinha, e... é, acho que já era.
Cissa ficou sem reação por alguns segundos então uma fúria o envolveu.
_ Ele a beijou? _ disse cerrando os dentes.
_ Sim, e nem adianta correr atrás de vingança agora. Você sabe, o feitiço só quebra quando o próprio boto quer, você não pode fazer nada.
Cissa não conseguia aceitar isso, ele tinha que salvar Núbia, tinha que haver outra maneira. Ele entrou em sua cabana e foi até a estante. Lá pegou alguns livros e os folheou até achar algo de importante. O Curupira foi logo atrás e ficou só observando Cissa desesperado a procura de respostas.
_ Eu lembro que li algo sobre isso _ dizia Cissa nervoso enquanto folheava os livros.
Curupira balançou a cabeça com uma expressão de quem diz: Pobre coitado.
Ele então fitou o cachimbo de madeira na estante.
_ Nossa. Você ainda guarda isso _ disse ele aproximando as mãos peludas do objeto.
_ Ei! _ disse Cissa. _ Não toque nisso, é a única coisa que guardei de lembrança dos velhos tempos.
_ Aham, claro _ disse Curupira como se aquilo não o convencesse muito.
Logo Cissa achou o que procurava. No livro de mitos antigos, escrito a mão, havia cinco páginas reservada somente ao boto. Lá dizia que havia sim outra forma de quebrar o encanto: “Se a moça em questão já estiver apaixonada por outro rapaz, o encanto do boto pode sim ser quebrado, pelo o encontro da moça com seu amor”.
_ Droga de livro _ disse Cissa jogando este no chão. _ Além de não ajudar em nada, é meloso de mais. Isso aqui é folclore ou conto de fadas? Quem escreveu isso devia estar bêbado.
_ Nossa, que revolta _ disse o Curupira. _ O que o livro diz?
_ Que a menina precisaria estar apaixonada, _ disse Cissa _ o que ela não está!
_ Nunca se sabe _ disse o Curupira. _ Vai desistir?
_ Claro que não! _ disse Cissa avançando para porta. _ Eu vou salva-la, não sei como, mas vou! _ dizia enquanto entrava no bosque.
Curupira só o observava e riu.
_ Se a menina está apaixonada eu não sei, mas que ele está, não tenho dúvidas _ disse a si mesmo. Por fim, resolveu ir atrás de Cissa, mais para ver o circo pegar fogo, do que para ajudar.
Enquanto caminhavam, Cissa contou a Curupira sobre Núbia querer ser zoóloga, isso foi um incentivo a mais para que o Curupira quisesse salvar a garota, é claro que em troca, Cissa teria que cumprir o trato feito a cinco dias atrás, mas o plano já estava montado.
...
Núbia estava com as mãos presas por uma corda, mas prosseguia sorridente, a palavra certa seria samonga. O Boto estava a sua frente acedendo uma fogueira para passar a noite. Eles estavam dentro de uma espécie de caverna que ficava do outro lado da cachoeira.
_ Ainda estou decidindo o que fazer com você, garota _ dizia o boto analisando Núbia. _ Que perversidade seria interessante? O que lhe deixaria traumatizada para o resto de sua vida?
Núbia deu de ombros toda sorridente. E o boto riu.
_ Eu pensei que como neta de Edgar, você seria mais forte, mas estava enganado, é tão tola quanto as outras.
Núbia riu.
_ Você é engraçado querido _ disse ela sorridente e o Boto revirou os olhos.
Logo um assobio ecoou na caverna e o boto colocou as mãos nos ouvidos.
_ O que é isso! _ protestou ele.
Núbia estava preocupada de mais para se preocupar com o som.
_ Querido, está bem? _ perguntou ela tentando toca-lo, mas ele a empurrou para trás.
_ Estou, deixe de ser idiota _ falou o Boto ríspido, ainda sim Núbia sorriu, estava realmente bem retardada.
Logo algo entrou na caverna, e com rapidez sobrenatural começou a correr no teto enquanto gargalhava maleficamente.


_ Curupira! _ exclamou o boto.


Comentem o que acharam. BJS e até.

2 comentários:

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