Olá leitores.
Folclore Oculto: Uma série de minha autoria para você leitor do CL. O Tema é o Folclore brasileiro, que muitas vezes sofre um certo preconceito dos jovens atuais, quem sabe pelo ar infantil imposto a ele ao passar do tempo, mas saibam que, se pegarmos as raízes do folclore, saberemos que de encantado e engraçadinho as criaturas folclóricas não tem nada e é isso que explorarei nesta série. Espero que gostem. Os textos tem forma de conto e ficarão melhor a cada ep, podem ter certeza (sei disso, pois já escrevi quase todos, RS). BJS Jú.
Parte 1:
Depois
de uma longa viagem de ônibus em uma estrada de terra, Núbia não tinha dúvidas que
sua vida dali para frente seria uma droga. Já bastava ser órfã de mãe e abandonada pelo pai, agora foi
separada da única pessoa que realmente lhe amava, a amiga de sua mãe, Rita,
cuja guarda de Núbia fora confiada. A vida já não estava fácil, e agora, a
justiça encontra um tataravô paterno, único parente conhecido e que morava em um sitio no interior do Rio Grande do Sul, e, enquanto Rita não ganhava a guarda
da menina na justiça, Núbia teria que viver com esse velho que sequer conhecia e que morava num lugar distante e repleto de mato.
Ao
chegar no casarão do tal tataravô, teve certeza que os dias seguintes seriam um
tédio (grande engano de sua parte). Casa velha de madeira, com cheiro de mofo,
pintada de vermelho que já desgastava.
Já
o quintal era amplo, com um jardim até bem bonito e repleto. Mais a longe havia
uma grande baia redonda coberta. E adiante um bosque escuro que realmente atraia
um pouco a enorme curiosidade de Núbia.
Ela colocou as malas na varanda, e mesmo a porta estando aberta não
ousou entrar, somente disse:
_Oi! Alguém?
Por
um bom tempo não houve resposta. Então uma voz feminina falou do interior do casarão:
_
Olá Núbia.
A
menina colocou a cabeça para dentro e notou descer das escadas a mulher mais
linda que já viu, parecia uma atriz americana, ou algo assim. Tinha cabelos cor de ouro e olhos verde e brilhante, a pele era meio bronzeada e o corpo perfeito. Porém o sorriso que
lançou para a garota lhe fez ter arrepios e um mau pressentimento.
_
Oi? _ disse ela. _ Como sabe meu nome?
A
mulher se aproximou da porta e fez sinal para que Núbia entrasse.
_
Estávamos te esperando, mocinha. Seu avô me avisou que viria e pediu para que
eu a recebesse.
As
duas trocaram um aperto de mão.
_
E você é?... _ disse Núbia ainda desconfortável.
_
Pode me chamar de Lia. Sou a esposa de seu avô.
Núbia
não segurou a cara de surpresa. Já era difícil acreditar que seu tataravô ainda
estivesse vivo, imagine ser casado com uma dama como aquela, que não aparentava
sequer 30 anos.
_
Eh... O cara da justiça, que me mandou para cá, sabe. Ele disse que seu...
marido é meu Tataravô.
Lia
sorriu.
_
Sim, ele é. Mas Tataravô, é algo muito complicado para se dizer, vamos considera-lo
somente seu avô, está bem?
Núbia
assentiu ainda perplexa.
_
Agora me acompanhe _ disse Lia. _ Vou lhe mostrar seu novo quarto.
E
assim foi.
O
quarto de Núbia era algo simples. Guarda roupa, cama e uma mesinha, tudo de
madeira velha. Mas até era que confortável e Núbia já tinha ideias para
melhora-lo. Lia lhe apresentou alguns cômodos da casa, como sala de estar, jantar
e banheiro. Ela parecia se esforçar muita pare ser simpático o que incomodava
Núbia.
_
Estou com fome _ disse Núbia colocando a mão na barriga.
Lia
fez uma cara de quem diz: e você come?
_
Ah. Está bem _ disse a mulher. _ O caminho para cozinha é à direita. Agora
nossa cozinheira estará lá, você pode pedir algo para ela.
_
Está bem, obrigada _ disse Núbia. _ Mas... e meu avô. Cadê ele?
O
rosto de Lia ficou sombrio.
_
Deve estar no quarto, como de costume, ele é muito reservado, saiba disso. Mas
logo ele aparece e lhe diz as regras da casa.
Núbia
revirou os olhos.
_
Tá então _ disse ela dando de ombros.
E
foi a cozinha. Lá encontrou uma mulher franzina de olhos castanhos arregalados, ombros
contraídos, e cabelos negros, espetados e sebosos. Ela mexia em um pote o que
parecia a cobertura de um bolo.
Núbia
pigarreou e a mulher estranha lhe fitou.
_
Eh... Oi _ disse a menina. _ Eu sou...
_
A neta de Edgar _ completou a mulher num sussurro.
_
Acho que sim _ disse Núbia. _ Então é esse o nome dele? Edgar.
A
cozinheira assentiu.
_
E a senhora, como se chama? _ perguntou Núbia tentando ser simpática.
A
mulher prosseguia com seus olhos esbugalhados, como se sentisse medo de algo.
_
Ângela, meu nome é Ângela _ disse ela em seu sussurro assustador.
_
Ah... _ Núbia não sabia o que fazer, até perdera o apetite conversando com
aquela mulher estranha. _ Foi bom te conhecer... Ângela. Acho que eu já vou
então.
Ângela
voltou a fitar a cobertura branca que fazia. E Núbia deu no pé.
Ela
passeou pelo jardim. A baia dos cavalos estava fechada. Resolveu então se
aventurar pelo bosque. Caminhou pela mata com arvores lindas repletas de cipós;
folhas secas e galhos pelo chão; e ar úmido e frio. Era meio escuro, mas visível.
Núbia achou bonito e assustador, um local perfeito ao seu ponto de vista.
Foi
quando ouviu um som estranho, algo que se mexia dentre as árvores e arbustos. Núbia
estava com medo e curiosidade, então se aproximou cautelosa.
Seja
o que fosse que estava lá, fugiu rápido. Porém deixou um tufo de pelo marrom
alaranjado nos galhos mais baixos da arvore.
_
Quem sabe seja um Bugio Marrom _ supôs Núbia a si mesma. _ Esses bichos podem ter
essa cor. Mas... O que um macaco faria no chão ou em um galho tão baixo?
Então teve a conclusão que ele poderia ter
caído da arvore, assim, estando machucado! Núbia sempre quis ser zoóloga, veterinária
ou algo assim e aquela poderia ser a chance de salvar seu primeiro animal selvagem,
então avançou dentre a mata a procura do tal bugio.
Os
tufos marrons alaranjados deixaram um rastro a qual seguir.
Núbia
então se deparou com uma trilha de terra molhada e o que viu marcado na terra
lhe deu nós no celebro. Pegadas de pés humanos e descalços, aquilo não fazia
sentido algum. As pegadas iam em direção a Núbia, mas se prolongavam mais a
frente, como se.... alguém corresse de costas. Um assobiou percorreu a mata, um
som agudo que quase ensurdeceu a menina. Depois uma risada maléfica e fina ecoou
pelo bosque. Núbia olhou para os lados, mas não conseguia localizar de onde
vinham tais sons. Então sua reação não foi outra a não ser correr, correr
muito.
Todas
as árvores em seu caminho pareciam iguais, ela estava perdida, fugindo sem rumo.
Seus sentidos aguçaram e ela conseguiu ouvir passos rápidos logo atrás. Alguém
lhe perseguia. Isso a distraiu e ela tropeçou em um tronco apodrecido de uma
arvore. Quando olhou para cima viu uma
mancha laranja, verde e rápida, que pulava de galho em galho gargalhando. Aquilo sem
dúvida não era um bugio marrom. Era peludo como, e, os pelos tinham quase a mesma
cor, mas os olhos eram verdes e maldosos, e tinha quase a mesma altura que Núbia,
aproximados um metro e sessenta e cinco. Ele então pulou e ficou frente a frente com Núbia,
que tentou se afasta arrastando-se.
Agora
ela podia vê-lo melhor, aquela criatura humanoide e ruivo de cabelo espetado,
corpo peludo, pele verde e pés virados para trás era horrenda. Ele sorriu e
revelou seus dentes verdes e afiados com sangue nas pontas.
_
Olá descendente do mal _ disse ele em uma voz um tanto irritante.
_
Descendente do que? _ conseguiu dizer Núbia.
A
criatura expressou uma cara que fez Núbia se arrepender da pergunta. Ele chiou,
e Núbia levantou em um pulo e voltou a correr. O ser ruivo a seguiu pulando de
arvore em arvore, mas parecia querer somente brincar com a menina, pois se
quisesse pega-la já havia o feito.
_
Você não tem para onde fugir menininha _ dizia ele, _ alguém vai ter que pagar
pelo que seu ancestral fez. Você vai ter que pagar, você vai ter que pagar.
Enfim
Núbia saiu do bosque, mas continuou correndo pelo jardim do casarão. Agora a
baia estava aberta e ela entrou sem pensar. Havia dois portões, o primeiro
levava a uma sala com um punhado de ração para cavalo e feno, já o segundo
levava a o local onde ficavam os cavalos. Este último estava trancado, então Núbia
somente passou o primeiro portão, o fechou e ficou olhando pelas frestas da
porta. O lugar estava meio escuro, somente com alguns raios de luz vindos das aberturas.
Lá
fora não se ouvia as risadas ou os passos rápidos da criatura. Então Núbia sentiu-se
aliviada.
Foi
quando algo atrás dela disse em seu ouvido:
Anciosa pela continuação!
ResponderExcluirq bom, fico feliz.
Excluirbjs
Amei omde tirou a idéia desse monstro ? Amei a hisyoria ansiosa pela continuação
ResponderExcluirq bom. Ah, o monstro é a mistura do q li sobre o curupira com minha estranha imaginação. RS
ExcluirLogo eu posto a continuaçao. super bjs.